Em recente evento, realizado em Cuiabá-MT, denominado Simpósio das Unimeds do Centro-Oeste e Tocantins (SUECO), tive a oportunidade de participar, a convite da Comissão Organizadora, da Mesa de Debates, cujo tema era “Inovação – Como ser disruptivo sem perder a essência”. Instigante questão merecedora de todos os elogios.
Há bastante tempo, tenho pensado nisso. É algo que me perturba. Vejo o avanço – quase incontrolável – da tecnologia (em todas as suas vertentes), de maneira tão rápida, que vai assumindo os principais objetivos das gestões em seus estratégicos planejamentos. Dirigentes, médicos, gerentes, assessores, colaboradores, em entusiástica campanha, jogam-se de cabeça em busca das inovações e das startups que passam a dominar o cenário das ações. É a disrupção (palavra da moda) que pretende romper com o estabelecido, a quebra, a transformação, a pós-modernidade que avança a passos largos. Na área médica, as pesquisas genéticas, a nanotecnologia e a robótica prometem levar o homem para mais de um centenário de existência. Palestrantes que se apresentam como futurólogos são disputados a peso de ouro. No agronegócio, na indústria e na prestação de serviços não é diferente. O “tsunami” avassala a todos.
Pois bem, e isso é ruim? Deve ser combatido ou ignorado pelas lideranças do Sistema Unimed? Pelo mundo empresarial? Nós – os antigos forjadores do modelo cooperativista de saúde – somos dinossáuricos? Os dirigentes não deveriam implantar as inovações em suas cooperativas operadoras?
Cuidado com o mau entendimento das palavras e das opiniões assumidas. Lembre-se de que a clareza, na fala ou na escrita, é condição indispensável da liderança. Nesse sentido, dizemos que a resposta para todas as interrogações acima é uma só: todo o avanço tecnológico que permite melhorar as condições de vida da pessoa é bem-vindo. As máquinas são instrumentos maravilhosos a serviço do homem.
Não está nisso o que me perturba. O cuidado é que, se vivemos um momento complexo, de múltiplas referências, resta-nos encontrar o ponto de equilíbrio entre os proveitosos benefícios do mundo moderno e a essência (que é o homem), e jamais perder esse referencial que foi o tema do SUECO.
Em suma, o segredo está em usufruir da inteligência inorgânica (também chamada artificial), colocando-a às nossas ordens como base – serviçal que deve ser – para que possamos contemplar as pessoas, como fim.
Nada substitui o contato humanístico, o binômio fundamental médico-paciente: uma consciência e uma confiança. Se as lideranças conseguirem equilibrar e harmonizar com bom senso essa equação, as inovações proporcionarão um futuro realmente melhor para a humanidade.