O novo coronavírus afetou a todos, mas mais especificamente os profissionais da saúde que trabalharam e continuam trabalhando para tratar os que foram infectados. Seu papel é fundamental para garantir a saúde da população. No entanto, devido à alta demanda trazida pelo novo coronavírus, a alta quantidade de internações em 2021, o aumento da média móvel do número de casos e o prolongamento da pandemia, o profissional de saúde está sobrecarregado – no Brasil e no mundo.
O fato desses profissionais estarem sobrecarregados deve ser tratado com muita atenção para que os que atuam na linha de frente da saúde não sofram com a Síndrome de Burnout. Um estudo transversal, realizado pela PEBMED, demonstra que a prevalência da síndrome é de 83% nos médicos que estão na linha de frente e 71% naqueles que não estão atuando no combate ao novo coronavírus. Essa condição é um transtorno psíquico causado pelo esgotamento extremo e é sempre referente ao trabalho do indivíduo.
A síndrome do esgotamento profissional, como também é chamada, é consequência direta do acúmulo excessivo de tensão emocional, de trabalho e estresse e é caracterizada pela exaustão física e emocional, além da redução do sentimento de realização pessoal no trabalho.
Os sintomas mais comuns são o desânimo, dificuldade de raciocínio, ansiedade, irritabilidade, diminuição da motivação, sensação de incapacidade e alterações do sono. Essa pressão, ansiedade e nervosismo podem se transformar em depressão profunda, que necessita de acompanhamento médico.
Josué Rocha, médico da família do Programa Cuidando de Quem Cuida, da Associação Fundação de Incentivo à Pesquisa (AFIP), pontua que os serviços de saúde já tinham uma rotina intensa diariamente antes da pandemia. “A crescente no número de atendimentos, após um ano exaustivo como 2020, aliado ao aumento do número de casos, pode levar ao adoecimento dos profissionais que estão na linha de frente. Infelizmente essa ainda é uma situação negligenciada e há carência de estudos que indicam a sua prevalência entre os profissionais de saúde no Brasil”, aponta Josué.
Além disso, uma pesquisa da Mental Health America procurou quantificar o efeito que isso está tendo sobre a força de trabalho do setor. De junho a setembro, o MHA hospedou a pesquisa em mhascreening.org para ouvir as experiências dos profissionais de saúde durante a Covid-19 e criar melhores recursos para ajudar a apoiar sua saúde mental enquanto eles continuam a fornecer cuidados. As respostas coletadas dos 1.119 profissionais de saúde pesquisados indicaram que estão estressados e sobrecarregados: 93% estavam sofrendo de estresse; 86% relataram sentir ansiedade; 77% relataram frustração; 76% relataram exaustão e esgotamento; e 75% disseram que estavam sobrecarregados.
Josué ainda pontua que os profissionais que atuam em setores de Urgência e Emergência e em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão mais propensos ao desenvolvimento de Burnout, por atuarem diretamente em locais estressantes.
As medidas de prevenção devem partir tanto dos indivíduos quanto da gestão.
Aqui estão algumas dicas para evitar esse tipo de problema:
No âmbito individual:
– Meditação;
– Prática de atividades físicas;
– Garantia de um descanso adequado;
– Priorização de atividades de lazer no tempo livre;
– Evitar trabalhar excessivamente;
– Buscar ajuda de profissionais especializados.
No âmbito organizacional:
– Garantir que as escalas de trabalho não sejam fisicamente e psicologicamente extenuantes;
– Garantir períodos de descanso entre turnos;
– Preservar um ambiente de trabalho coletivo e saudável.
De todo modo, o profissional de saúde que enfrenta os sintomas de Burnout deve procurar atendimento médico e psicológico.
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