Prevenir acidentes de trabalho em ambientes hospitalares, assim como em clínicas e consultórios, é um cuidado que todo gestor da área de saúde deve ter – atitudes de cautela são necessárias tanto para preservar os pacientes quanto os funcionários, que estão continuamente expostos a riscos devido ao exercício da profissão.
Um levantamento publicado na Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança, realizado por pesquisadoras da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE), constatou que trabalhadores da área da saúde estão mais sujeitos a infehttp://www.facene.com.br/wp-content/uploads/2010/11/Riscos-Ocupacionais.pdfcções como Hepatite B e tuberculose pulmonar, citomegalovirus (CMV.), HIV, rubéola, herpes simples, herpes zoster, gastroenterite infecciosa e infecções respiratórias por vírus. Outro estudo, conduzido por pesquisadoras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), analisou dados da CIPA de um hospital universitário e concluiu que os acidentes mais frequentes envolvem material biológico.
“A implantação da biossegurança – que é o conjunto de medidas que busca minimizar os riscos inerentes a uma determinada atividade – segue regras que garantem a saúde do trabalhador e do restante da população. O não cumprimento das normas básicas de biossegurança pode acarretar problemas como transmissão de doenças e até mesmo epidemias”, afirma Ricardo Lupianhes Pacheco, Vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (ABRESST).
Áreas de risco
De acordo com a ANVISA, existem as áreas hospitalares críticas, semicríticas e não críticas. Nas críticas, há maior risco desenvolvimento de infecções, seja pela manipulação de material biológico, presença de pacientes doentes ou pela realização de procedimentos invasivos – como UTI, lavanderia hospitalar, salas cirúrgicas, unidades de isolamento, bancos de sangue e unidades de hemodiálise.
“A semicrítica é aquela que apresenta menor risco de transmissão de agentes de infecção em relação às áreas críticas e que, normalmente, são ocupadas por pacientes portadores de doenças infecciosas de baixa transmissibilidade ou que não são portadores de doenças infecciosas”, explica Lucivaldo Santos, diretor do Instituto Cimas de Ensino. Entre elas estão consultórios, enfermarias e apartamentos e a área limpa da lavanderia hospitalar.
Já as áreas não críticas não são ocupadas por nenhum paciente e não oferecem risco de transmissão. Áreas administrativas, elevadores e almoxarifado são alguns exemplos.
Como prevenir acidentes de trabalho
Além do risco biológico, também é preciso levar em consideração outros riscos, como os de radiações ionizantes e não ionizantes, químicos e de ruído. Por isso, ter conhecimento das áreas de risco é fundamental para entender os cuidados que devem ser tomados. Veja alguns a seguir.
Respeito às normas regulamentadoras: são conjuntos de procedimentos que dizem respeito à segurança e medicina do trabalho, que possuem justamente o objetivo de prevenir acidentes. Um bom exemplo é a NR 32, que estabelece medidas de proteção à segurança e a saúde dos trabalhadores em serviços de saúde. Conhecê-las bem e colocar em prática suas diretrizes é fundamental.
Treinamento: “Através do treinamento, o trabalhador aprende a adotar uma cultura prevencionista no dia a dia, refletindo e analisando cada etapa a ser cumprida durante o processo. Por exemplo, ele irá verificar e prever todos os riscos oferecidos pela tarefa; utilizar os equipamentos de segurança individual e coletivo; ponderar se o trabalho é seguro antes de executá-lo e considerar que acidentes podem ocorrer com qualquer um e a qualquer momento”, aponta José Lino Bittencourt, instrutor de Segurança do Trabalho do Instituto Nacional Brasileiro de Educação Profissional (Inbep).
Todas as equipes que participam dos procedimentos de saúde devem ter consciência dos procedimentos, desde o acolhimento do paciente até o descarte e segregação de materiais e resíduos. É importante oferecer a capacitação antes de o funcionário começar a trabalhar em seu consultório e continuadamente, para que ele esteja sempre atualizado.
Uso de equipamentos: “Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição”, enfatiza Santos. Estão entre eles luvas de procedimento descartáveis, calçados fechados, vestimentas de trabalho adequadas para a atividade, máscaras, óculos de proteção e gorros.
Cuidados com a equipe: blindar a saúde dos profissionais é uma das principais atitudes, ainda mais considerando que o principal risco é o biológico. Todos devem receber vacinas contra, no mínimo, tétano, difteria e hepatite B. Também é importante oferecer um bom plano de saúde. “Ele pode ser um facilitador no caso da necessidade de atendimento, visto que a rede pública de saúde não tem conseguido oferecer as condições adequadas para o atendimento à saúde da população”, diz Claudia Casasanta, Gerente de Medicina da Ocupacional Medicina e Engenharia de Segurança do Trabalho. A Seguros Unimed, por exemplo, oferece um plano corporativo com possibilidade de coparticipação (CP), que pode ser contratado por empresas com mais de 100 vidas.
“Para a empresa que prima pela saúde de sua equipe, a cada R$ 1 investido na promoção e prevenção da saúde do trabalhador, aproximadamente R$ 4 são gerados de retorno. Isto significa um lucro de cerca de 300% gerado com o aumento da produtividade e, principalmente, com a diminuição do número de faltas, atrasos ou trabalho em meio expediente que o trabalhador cometeria por motivo de saúde”, estima Pacheco.
Boas condições de trabalho: fatores humanos colaboram, e muito, para a ocorrência de acidentes – afinal, profissionais desgastados, cansados e estressados estão mais propensos a causar ocorrências devido ao desgaste físico e mental. Incentive boas relações interpessoais, trabalho em equipe harmonioso e o descanso pós jornada de trabalho.