Será?
Eu acho que ele será o que quisermos que ele seja. Por isso resolvi escrever este post do novo ano sobre o para onde vamos. Temos que entender que o passado está escrito e é fruto de ações que realizamos, esse foi o objetivo do ultimo post. Mas o futuro nós o construiremos de acordo com o que quisermos fazer/construir.
Sabemos (mais ou menos) onde estamos e sabemos que queremos um futuro melhor. Como fazê-lo? E a partir de nosso campo de ação que é a saúde?
Acho que têm umas regras gerais que devemos enunciar antes da determinação das tarefas – e a primeira é: quem sai está fora do jogo e para voltar a jogá-lo terá que disputar um espaço de novo. Portanto não devemos sair, e sim prosseguir, o que implica em correr os riscos de ficar para usufruir as vantagens de estar no cenário quando ele se tornar favorável. Quem fica sofre durante a crise, mas estará mais próximo quando da retomada.
E, finalmente, quem enfrenta uma crise e se posiciona para continuar, deve saber que o que ocasionou a crise está presente e, portanto, a solução terá que ser diferente. Não dá para fazer mais do mesmo, tem que inovar. Ficar ou voltar para o mercado exigirá novas soluções.
Quais são as novas soluções?
Com certeza dentre elas estão as mais óbvias, ligadas ao aparecimento de novas tecnologias da informação e que compõem um complexo conjunto que vem sendo denominado de medicina 4.0 ou medicina personalizada (internet das coisas, inteligência artificial, processamento na nuvem, big data, etc.). Embora reconhecendo o impacto que essa onda tem e ainda terá no processo de assistência a saúde, eu quero desvendar outras tendências que são decididamente fundamentais para definir o futuro da assistência à saúde. O que não implica em deixar de reconhecer a importância no futuro imediato destes eventos relacionados à medicina 4.0.
Essas tendências são muitas e têm a sua complexidade (nada é simples quando tratamos de questões amplas) e eu não tenho a pretensão de esgotá-las neste artigo, mas quero levantá-las para que vocês as busquem e com elas se preocupem, pois o futuro que queremos/deveremos construir depende de que consigamos entendê-las e aplicá-las.
A primeira inovação é entendermos que a integralidade do processo é fundamental para uma boa atenção à saúde. E que o componente esquecido é o da atenção básica que exige que o sistema de saúde tem que ter uma porta de entrada e esta deve responder a protocolos para as condições clínicas prevalentes. Deve responder à medicina baseada em evidências e sobretudo o médico não deve ter restringida sua autonomia, e sim deve responder de maneira adequada às melhores práticas. Principalmente no modelo das cooperativas, este desafio é bastante difícil, pois necessita de uma ressignificação do trabalho do médico. E também de uma ressignificação do papel/autonomia do paciente. Voltarei a isto abaixo.
A segunda inovação, muito decorrente da primeira, é que no hospital a atenção médica mais complexa não pode ocorrer de forma isolada. Tem que existir uma integração onde a complexidade não seja a cabeça do sistema, e sim um elo do sistema integrado no processo de atenção. Temos que definir linhas de cuidado ao paciente dentro das suas necessidades assistenciais e temos que entender como tornar a jornada do paciente no sistema de atenção mais resolutiva para o que o paciente necessita.
O terceiro componente é o mais difícil. Quando juntamos os dois componentes anteriores com as transformações ocorridas na sociedade por conta da incorporação dos vários vetores da tecnologia da informação, encontraremos um paciente diferente e que não reconhecemos como o nosso cliente. O paciente está virando SUJEITO!
Essa transformação exige um novo posicionamento de toda equipe de saúde e em particular do médico. Temos que incluir no processo assistencial algo que não sabemos como fazer que é trabalhar com a autonomia que o paciente está exigindo ter. Como traçar um projeto terapêutico que leve em conta o que o paciente quer/pode? Que trocas ele aceita fazer para perder parte de sua autonomia?
Temos que nos lançar em um novo modelo de atenção onde o plano terapêutico deve ser construído de maneira compartilhada com o paciente e seus familiares. Esta é uma maneira diferente de fazer assistência à saúde e certamente muito mais efetiva. Como enfrentar esse novo desafio determinará o futuro de nossos negócios na saúde? Quem for capaz de enfrentá-los terá sucesso e um ano novo melhor.
Bom ano para todos nós que queremos uma saúde pública e um país melhores!


















