Desde o início da pandemia de covid-19, as autoridades têm alertado sobre a saúde mental das pessoas. Passado mais de um ano, diversos estudos já mostram os impactos na população. Houve piora na ansiedade, depressão e insônia dos indivíduos, além do aumento no consumo de álcool.
Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Liverpool (Inglaterra) e da Universidade de Maynooth (Irlanda), que revisou 65 estudos, mostrou que pessoas que já tratavam transtornos mentais antes da pandemia tiveram piora nos sintomas.
Nem sempre é fácil identificar os sintomas dos pacientes, mas é importante que os médicos fiquem atentos aos sinais – por mais que não sejam tão claros no início. Segundo Elsi de Carvalho Oliveira, médica de família da Seguros Unimed, o problema pode estar “escondido” atrás de múltiplas queixas.
“É aquele paciente, principalmente, com sinais de depressão, que tem a dor crônica que não melhora com nenhum analgésico. Ele tem dor na coluna, no corpo todo, e não possui nenhum diagnóstico. Pode até vir a indicação de fibromialgia, mas, às vezes, é depressão que não está sendo tratada”, explica a médica.
Outros pontos de atenção, segundo Oliveira, são as alterações de humor dos pacientes – ora irritados, ora deprimidos – e também a questão da insônia. Tudo isso pode ser sinal de que a pessoa esteja desenvolvendo um transtorno mental.
“Quando o médico percebe que o paciente está muito triste, deprimido, com esse humor alterado, é importante perguntar se ele tem pensamentos de morte. Às vezes, ele nem entende a pergunta, mas se pensou em qualquer coisa, ele vai responder”, diz.
Setembro Amarelo: precisamos falar sobre o suicídio
E se é fundamental falar sobre saúde mental, sobretudo em tempos pandêmicos, o tema do suicídio também precisa entrar nessa discussão. A data do Setembro Amarelo joga luz sobre este problema de saúde pública. O dia 10 do mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil casos de suicídio ao ano no mundo – isso significa que uma pessoa morre por esse motivo a cada 40 segundos.
Mesmo sendo um assunto considerado tabu, é fundamental que ele seja abordado. “É delicado, mas é importante ser falado. Quanto mais pessoas souberem dos sintomas de um indivíduo que está ali, geralmente deprimido, e com pensamentos de morte, fica mais fácil ajudar”, explica a médica da Seguros Unimed.
Os sinais, é claro, podem ser ainda mais difíceis de identificar. Mas esse momento pode vir carregado de frases específicas – muitas vezes, essas afirmações não são levadas a sério. Veja alguns exemplos:
- “Vou desaparecer”;
- “Eu preferia morrer”;
- “Vou deixar vocês em paz”;
- “Vocês serão mais felizes sem a minha presença”;
- “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”;
- “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”.
Se os médicos perceberem algo assim, é importante conversar com esse paciente para orientá-lo e ajudá-lo. Primeiro de tudo, ofereça uma escuta ativa. O tratamento de pessoas com risco de suicídio baixo ou moderado e com bom suporte familiar é ambulatorial, com um psiquiatra, na maioria das vezes.
Já em casos de alto risco de suicídio, com baixo suporte familiar e social ou aquelas que tentaram o suicídio e revelam manter o propósito, o tratamento deve ser em um hospital. Também é fundamental, em ambos os casos, ter o acompanhamento de um psicólogo que ajude a mudar esse pensamento com ideação suicida.
A família deve ser orientada a ficar próxima do paciente, oferecendo apoio, evitando deixá-lo sozinho. “Quando o paciente tem esse pensamento, geralmente, já vai direto ao psiquiatra. Ou, então, algum familiar resolve levá-lo ao médico por causa das falas de pensamento de morte”, diz a médica.
Mas caso a pessoa esteja sozinha, o médico também deve falar sobre o número do Centro de Valorização da Vida (CVV), no 188. Há ainda os atendimentos realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Cartilha da Seguros Unimed auxilia médicos e pacientes
Pensando na saúde mental, a Seguros Unimed elaborou um material para esclarecer os sintomas e tratamentos de diversos transtornos mentais, como ansiedade, depressão e suicídio. Você pode conferir o material neste link.
Importante ressaltar ainda que a Seguros Unimed oferece teleatendimento com psicólogos e psiquiatras, além de clínicas específicas para um atendimento multiprofissional e toda a rede credenciada disponível.