Você já parou para refletir sobre o futuro do seu negócio? Essa é uma reflexão que, cedo ou tarde, todo gestor precisa fazer, mas que tende a trazer melhores resultados se for feita com bastante antecedência. Assim, é possível planejar a profissionalização e a sucessão da empresa com o tempo necessário para preparar a organização e os herdeiros.
O primeiro bom motivo para dar atenção a essa questão tem a ver com a sua própria rotina. Ao iniciar o processo de profissionalização do negócio, você aprimora a administração como um todo. Isso facilita a gestão da empresa no dia a dia e viabiliza os planos para o futuro. O plano de sucessão é parte desse processo.
“A profissionalização da gestão passa a ser indispensável porque o ambiente empresarial está cada vez mais complexo”, argumenta Gilson Faust, consultor sênior da GoNext Governança & Sucessão. A complexidade envolve uma série de fatores, como a globalização, a velocidade das transformações, informações e conhecimentos, sem contar o avanço das novas tecnologias. Essas questões se somam a outras, como situações operacionais e até de orientação estratégica do negócio, exigindo maior capacidade analítica e uma tomada de decisão ágil por parte da gestão.
Todo esse contexto justifica a importância da profissionalização, que é essencial para que a administração alcance todos os objetivos projetados do negócio, tanto os de curto quanto os de longo prazo. Nesse sentido, a profissionalização já é uma forma de preparar a organização para o futuro, considerando como e quando será realizada a sucessão.
O que é a profissionalização da gestão?
A profissionalização da gestão é uma forma de estruturar a administração para que ela consiga ter maior domínio sobre todos os aspectos que influenciam o negócio. Dessa forma, gestores conseguem gerenciar melhor tanto o dia a dia da organização quanto seus planos estratégicos.
“Profissionalizar o negócio é trazer processos, pessoas, produtos e sistemas que consigam tanto monitorar o negócio quanto oferecer orientação estratégica”, explica Faust. Essa estruturação independe do porte da empresa, pois trata de aspectos que estão presentes em todas as organizações.
Mesmo um médico que tem sua clínica particular executa processos, gerencia pessoas e define de que maneira a clínica vai se posicionar no mercado. Existem sistemas estabelecidos para o atendimento, a prestação de contas, a precificação, o estudo de mercado, a análise de tendências, a adesão a novas tecnologias, o planejamento tributário, entre outros pontos, que precisam estar bem-organizados e interconectados. A profissionalização tem esse papel.
O consultor explica que a gestão profissionalizada deve atuar em duas frentes: uma que se volta mais para o desempenho obtido e outra que tem o caráter de conduzir a empresa para o futuro, vislumbrar o que vem pela frente.
De um lado, existe a necessidade de monitorar as práticas e resultados para entender o que tem acontecido com o negócio e interpretar essas situações. Nesse “olhar pelo retrovisor” é que se consegue identificar o que está dando certo e o que não está para fazer as devidas correções.
“A segunda missão é olhar para a frente, quando você necessariamente também precisa atribuir ao seu negócio alguma orientação estratégica”, acrescenta. Nesse caso, o que se faz é “ligar o farol e a luz alta” para traçar o caminho futuro.
Entretanto, o especialista adverte que é muito difícil atuar individualmente em todas essas frentes. “Não é missão de uma pessoa só, porque dificilmente você consegue sozinho interpretar qual é o próximo passo”, avalia. É por isso que, normalmente, a profissionalização resulta na criação de diferentes esferas para a tomada de decisões, como conselhos.
Uma boa prática é ter um grupo que dê suporte à tomada de decisão do administrador em relação às questões operacionais do dia a dia. O objetivo é que as decisões sejam tomadas de forma compartilhada. Outro grupo pode atuar em paralelo, ainda que envolva apenas os sócios ou conte com o apoio de um conselheiro, para decidir o futuro da empresa. Nesse caso, trata-se de uma decisão que precisa de reflexão mais aprofundada”, explica.
Quando e como planejar a sucessão?
A sucessão deve ser uma questão observada desde a fundação da empresa. Faust lembra que é preciso entender quais são os cargos principais e que vão exigir a preparação de sucessores, como a sucessão societária ou da gestão, por exemplo. A questão será discutida de forma mais intensa de acordo com as circunstâncias, mas o fato é que esse processo precisa estar no radar dos fundadores desde cedo.
O tema sucessão deve ser encarado como uma construção de futuro, tanto da organização quanto dos membros envolvidos na gestão da empresa. No decorrer dessa trajetória, é preciso avaliar quais papéis serão exercidos por quem e em qual momento. O fundador, que criou e expandiu o negócio, pode migrar da esfera de decisões operacionais para o conselho mais estratégico, por exemplo. Entre os sucessores, também há diferentes atribuições a serem consideradas.
No final das contas, a sucessão envolve os planos futuros de todas as pessoas que fazem parte do núcleo empresarial. É importante afastar o temor de que o gestor a ser sucedido deixará de atuar no negócio. “Ele vai para uma posição de muito mais responsabilidade, pois deixará o dia a dia operacional para se dedicar mais à estratégia no âmbito dos conselhos”, demonstra Faust. “O perfil, a história e o legado construído os impelem a exercer esse cargo de orientador estratégico.”
Quanto aos herdeiros, é preciso avaliar de que maneira vão atuar em relação à empresa. Entre mais de um de sucessor, pode haver um que se identifique mais com o dia a dia da empresa, que vai assumir a sua administração. Outros, talvez apenas façam parte do quadro societário, mas devem estar preparados para acompanhar a execução do negócio. “São formas diferentes de tratar os sucessores, e isso precisa tempo. Esse é o segredo. Tem que aceitar as diferenças e preparar de forma diferente. Um treinando para ser sócio e acompanhar a administração e outro que, além de ser sócio, vai executar e prestar contas, inclusive para os outros sócios.”
Com a gestão profissionalizada e o plano de sucessão em desenvolvimento, é possível projetar um futuro mais tranquilo, não é mesmo? Vale a pena colocar em pauta o planejamento para a aposentadoria desde já. Continue no nosso blog e veja quais são as vantagens de se preparar com antecedência para essa etapa da vida.