Nos artigos anteriores, procurei explanar sobre as condições indispensáveis para o exercício da liderança duradoura. Já abordamos diversos pontos positivos e alguns outros (negativos), que devem ser evitados, sob pena de descrédito e possível derrubada do líder. Por isso, há que se advertir àqueles que estão percorrendo a trilha desta jornada, das responsabilidades que assumem. Alguns não as aceitam. Também já exemplificamos tais situações em casos reais.
Essas responsabilidades estão implícitas, são inerentes a cada tomada de decisão que o líder será obrigado a encaminhar. Haverá sempre um momento em que ele terá que decidir. Se as propostas, sejam de ordem empresarial ou política, se coadunam e é possível encontrar solução que reúna as partes boas de cada uma delas, cabe ao líder apresentar esta saída. Nem sempre numa atitude intelectual ou racional; por vezes, será preciso agregá-las num apelo emocional, que o líder deverá saber utilizar no momento oportuno.
A maior dificuldade começa, contudo, quando as propostas são totalmente divergentes. Contrapõem-se: a primeira enseja um caminho para a resolução do problema; a outra, o caminho inverso. Riscos financeiros ou políticos gigantescos, de perda ou ganho, estão em jogo. Vidas humanas em situações de crises ou guerras ficam na dependência da tomada de decisão. E nisso tudo, há, também, o risco pessoal. E o pior, o resultado final só virá no decorrer do tempo. É como o viajante solitário, que em meio a sua caminhada se depara, na duplicação do trajeto, com duas setas; uma aponta para o desvio da direita, outra para a esquerda. A decisão a ser tomada definirá seu destino. O mesmo acontecerá com a tomada de decisão do líder.
Nas organizações encontramos bons executivos, que são líderes medíocres. Por outro lado, existem excelentes líderes que exercem mal suas atividades administrativas. Tanto um perfil, quanto o outro, precisam ter CORAGEM para assumir riscos, em desafios diários, e, ao final, tomar decisões. Como já se disse, e repete-se, os demais participantes da equipe – diretores, ministros, conselheiros, assessores, consultores – fazem parte do processo, devem embasá-lo com argumentos sólidos, mas quem dará a última palavra e assumirá riscos e responsabilidades é o LÍDER.
A única hipótese não permitida ao líder é a INDECISÃO, ficar em cima do muro, como se diz no popular. Relembremos Maquiavel, quando afirma que “em nenhum momento o líder deve revelar a menor indecisão, porque isto seria pôr em dúvida a convicção que possui naquela proposta”.
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Lições para uma liderança duradoura – VII