Dr. Gonzalo Vecina, médico sanitarista, professor da FSP_SP, do mestrado profissional da FGV-SP e também nosso colunista, respondeu ao Conexão sobre dúvidas frequentes acerca da vacinação contra a covid-19. Confira:
1 – Depois de tomar a vacina, quanto tempo eu posso voltar à minha rotina de antes da pandemia?
Após ter tomado a segunda dose da vacina. A vacinação somente terá sucesso se tivermos 70% da população imunizada – temos que alcançar a imunidade de rebanho ou coletiva.
2 – Se eu tomar a primeira dose já posso visitar meus familiares e abraçar meus amigos?
Não. Somente teremos a volta de alguma normalidade depois que toda a população estiver vacinada. Teremos que aguardar após todos estarem vacinados, o que se espera que ocorra ao longo do final do ano.
3 – Quando tomar a vacina eu preciso ficar o tempo todo higienizando as mãos com álcool em gel?
Todos os hábitos atuais deverão ser mantidos – máscara, distanciamento, higiene. Na verdade, esses comportamentos deverão ser mantidos depois também – é muito positivo para a nossa saúde ter adequada higiene das mãos e também o uso das máscaras, que impedem a disseminação de doenças respiratórias.
4- Depois de tomar a primeira dose da vacina não precisarei mais usar máscara?
As máscaras continuarão sendo fundamentais até que todos tenham recebido as duas doses. Mas, depois, sempre que estivermos com uma doença respiratória, será importante o uso de máscaras para diminuir a disseminação da doença.
5 – Eu posso tomar as duas marcas de vacinas?
Nunca! Não existe nenhuma análise desse tipo de ação e pode ser arriscado misturar imunizantes.
6 – Se eu tomar uma vacina de uma marca na primeira dose, posso tomar de outra marca na segunda dose?
Isso não deve ser realizado nunca. Pode ser perigoso misturar os dois tipos de imunizante.
7- Existe algum evento adverso das vacinas? Quais são eles?
Do acompanhamento dos testes realizados no Brasil os efeitos colaterais foram todos muito tranquilos e brandos. Com frequência: dor no local da aplicação, pequena febre, dor de cabeça de rápida duração, diarreia por um dia, fraqueza passageira, etc.
Assim, essas vacinas produzidas com RNA devem ser evitadas por pessoas que têm histórico de reações alérgicas mais graves.
8 – Novas variantes, quais são as consequências, quais são as mutações do vírus?
Os vírus não conseguem se reproduzir sozinhos. Eles invadem as células de outros animais e colocam o maquinário celular deles a produzirem suas cópias. De qualquer maneira durante a produção de cópias são cometidos ao azar pequenos erros nos vírus. A maioria destes pequenos erros nas cópias pode não ter consequência, porém, às vezes, pode ser uma mutação que produza alterações na forma de operação do vírus. Algumas vezes ele pode ser mais letal – matar mais, ou ser mais invasivo – gerar mais casos, ou o que ainda não ocorreu se tornar resistente às vacinas. Esta é uma situação muito preocupante – enquanto não conseguirmos uma grande cobertura vacinal o vírus continua circulando e mutando.
9 – Quais os desafios para a vacinação no Brasil?
São três :
– Ter vacina; e, graças ao Instituto Butantã e à Fiocruz, o Brasil terá este ano cerca de 350 milhões de doses;
– Comunicar a população que estamos vacinando. Quem, onde e quando. Este é um momento crítico. Sem campanha não tem vacinação;
– Logística este é um país imenso e sempre será necessário montar um grande aparato para encontrar ao 160 milhões de brasileiros com mais de 18 anos que deverão ser vacinados.
Assim levar as vacinas aos 38.000 postos será o grande desafio.