O universo criado pela internet, apesar de empoderador, também traz à tona questões importantes sobre confiabilidade e veracidade de informações. No campo da saúde, basta escrever “dor de cabeça” no Google, por exemplo, para receber uma infinidade de diagnósticos e opções de tratamento que, muitas vezes, não condizem com o diagnóstico de quem fez a pesquisa.
Além dessa preocupação, também surge outra demanda que exige ainda mais atenção: com a troca cada vez mais rápida de informações no mundo virtual e a comum falta de verificação da veracidade desses dados, as Fake News, mesmo sem comprovação científica alguma, ganham força. Um exemplo recente são as notícias falsas relacionadas às vacinas de febre amarela e gripe, as quais, de acordo com o ministro da Saúde Gilberto Occhi, foram indicadas como um dos motivos para a queda na cobertura vacinal. A questão que fica, no entanto, é como mudar esse cenário e, principalmente, o que a comunidade médica pode fazer para frear esse ciclo de desinformação.
Informações de qualidade e com embasamento teórico
Apesar de parecer algo improvável, não são somente sites menos conhecidos que disseminam conteúdo incorreto. Os grandes veículos de comunicação, sobretudo por conta da velocidade com que as informações correm, também podem acabar cometendo falhas graves. Igor Sacramento, doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Laboratório de Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), acredita que a mídia deve publicar conteúdos claros e objetivos. “Pensando que a maior parte do público possui pouco conhecimento sobre o campo médico, para fazer suas reportagens, os veículos comunicação precisam buscar fontes de informação confiáveis, como o Ministério da Saúde e a própria Fiocruz, e sempre orientar os espectadores a procurar esses meios primeiro,” afirma.
População mais atenta e preparada
Além disso, a comunidade médica precisa estar atenta para sempre orientar e fornecer a melhor assistência possível ao paciente. “É importante prover um atendimento humanizado que não cumpra de maneira protocolar as funções, mas procure sanar todas as dúvidas e preocupações dos pacientes,” analisa Sacramento. Isso porque, por terem cunho muitas vezes sensacionalista, é mais fácil acreditar nas Fake News do que buscar a informação correta. Segundo o artigo A dupla epidemia: febre amarela e desinformação, publicado na Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis – ICICT/Fiocruz), “aponta-se a necessidade de oferecer e divulgar fontes confiáveis para os profissionais e a comunidade, em especial por meio do fortalecimento das instituições [de saúde, ensino e pesquisa] e de suas áreas de comunicação social. Assinala-se também a importância do trabalho de campo das equipes de atenção básica, para localizar pessoas expostas a risco, levando-lhes informações e vacinas”.
A área da saúde é uma das mais propensas a sofrer com boatos, sobretudo por conta das ondas de ansiedade e preocupação que acometem a sociedade quando divulgadas informações alarmantes – como o surgimento de epidemias e vacinas com efeitos colaterais assombrosos. Para mudar esse quadro, de acordo com Sacramento, a população deve ser orientada a ser mais criteriosa. “É preciso identificar o nível de confiabilidade do veículo que está consultando e da informação em si, verificar as fontes usadas no material – procurando dar mais atenção para notícias publicadas por órgãos oficiais de saúde – e consultar mais de um meio de comunicação. O desespero faz com que as pessoas tenham maior aderência a essas Fake News. A desinformação é o maior vilão dessa história”, finaliza.
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