A notificação de incidentes, feita pelos profissionais envolvidos no cuidado, é um dos pilares da cultura de segurança do paciente. Mas além de médicos, enfermeiros e outros membros da equipe, o acompanhante pode ter um importante papel na identificação dos erros, indica estudo realizado por pesquisadores americanos e canadenses.
A pesquisa foi conduzida em quatro hospitais pediátricos entre dezembro de 2014 e julho de 2015, e incluiu 717 pais de crianças e adolescentes internados. Foi feita uma comparação entre os incidentes que constavam em prontuários, sistemas de notificação de cada hospital, relatórios dos médicos e entrevistas com os pais semanalmente e no momento da alta. Dois médicos avaliaram os documentos e classificaram os incidentes por gravidade e preventibilidade.
Em relação aos sistemas de notificação de incidentes dos hospitais, os pais reportaram cinco vezes mais erros e três vezes mais eventos adversos. Foram citados pelas famílias 255 incidentes, sendo 132 referentes à segurança. Entre eles, 22 eram eventos adversos evitáveis, dos quais sete não foram indicados nos outros documentos consultados na pesquisa.
Além disso, as famílias apontaram 17 erros médicos sem danos e 11 eventos adversos não preveníveis. O número de erros reportados foi similar aos apontados nos relatórios médicos (10,0 vs 12,8 por 1.000 pacientes-dia). O mesmo foi observado entre os eventos adversos (8,5 vs 6,2 por 1.000 pacientes-dia).
A inclusão das famílias na vigilância, concluem os pesquisadores, aumentou as taxas globais de detecção de erros em 16% e de eventos adversos em 10%. Ou seja, os acompanhantes podem ser parceiros valiosos para identificar problemas e promover uma assistência mais segura.
A pesquisa foi publicada no periódico JAMA Pediatrics e está disponível online.
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