“Se estamos vivendo uma segunda onda ou não, é apenas uma questão semântica”, diz o infectologista Renato Grinbaum, consultor da Associação Brasileira de Infectologia (SBI). “Neste momento, observamos um aumento intenso de contágio; uma recrudescência da Covid-19 com grande número de internações e de casos graves”. O depoimento do especialista ao Conexão Unimed retrata o cenário que inicialmente foi sinalizado pela rede privada de hospitais.
O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, divulgou um crescimento de casos de contágio entre outubro e novembro. Posteriormente, outra grande instituição paulistana, o Sírio-Libanês anunciou, em 8 de dezembro, que acionou seu plano de contingência e adiou cirurgias eletivas, procedimentos e exames a fim de readequar os espaços do hospital para ter condições de receber a elevada quantidade de pacientes com suspeita de Covid-19.
No Rio de Janeiro, o balanço da Prefeitura, divulgado em 8 de dezembro, indicava que todos os 288 leitos para casos graves estavam ocupados e que não havia mais vagas de UTI para pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.
“É esperado que uma pandemia tenha oscilações”, explica Grinbaum. “Na Europa e nos Estados Unidos, este momento de recrudescência foi forte. No Brasil, ainda, não sabemos se será mais brando do que o período de maio e junho.”
“O confinamento foi flexibilizado e, infelizmente, muitos jovens, especialmente, relaxaram os protocolos de segurança”, afirma Sylvia Lemos, consultora da Associação Brasileira de Infectologia (SBI). “Hoje, vemos mais pessoas que deixaram de seguir as medidas de barreira e estão colocando outras vidas em risco.”
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta, em 8 de dezembro, para o perigo do sistema de saúde do país entrar em colapso após as festas de final de ano e o possível agravamento da alta de casos. A entidade enfatiza também as condições dos profissionais de saúde. “As equipes médicas estão esgotadas, após passarem o ano sobrecarregadas por causa da pandemia e da falta de comprometimento da população e de gestores na redução dos casos”, diz o comunicado. “A reabertura de leitos não garante acesso ao atendimento, se não houver equipes qualificadas para dar suporte aos pacientes“