Estudo publicado por pesquisadores da Harvard Medical School e do Beth Israel Deaconess Medical Centercomprovou que 30% de todos os exames de laboratório são desnecessários e outros 30% podem ser subutilizados. A análise foi feita em escala global a partir de 1,6 milhão de resultados de 46 testes laboratoriais mais solicitados por médicos e instituições de saúde.
Com o objetivo de reduzir esse desperdício no sistema de saúde e promover a segurança do paciente, a American Board of Internal Medicine Foundation (ABIM Foundation) lançou em 2012 a campanha Choosing Wisely, que em português significa “escolhendo sabiamente”. A ideia é avaliar o que é necessário ou não para proporcionar um cuidado mais seguro e eficaz.
De acordo com a ABIM Foundation, mais de 70 sociedades médicas já publicaram 400 recomendações de exames e tratamentos que devem ser rediscutidos quanto à sua eficácia clínica
Diversos países já participam da campanha, como Alemanha, Canadá, Inglaterra e Japão. No Brasil desde 2015, o Choosing Wisely já tem a adesão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
Choosing Wisely no Brasil
Para o cardiologista Luiz Cláudio Correia, que faz parte da equipe Choosing Wisely Brasil, a proposta do Choosing Wisely no país ainda está no início, mas o interesse em aderir se fortalece.
“Cada vez mais as pessoas sabem do que se trata o choosing wisely e ficam entusiasmadas com a ideia”, diz.
O primeiro passo para “escolher sabiamente”, destaca Correia, é mudar a cultura entre os profissionais. “Não se deve condenar o médico que solicita determinado exame, o importante nesse momento é conversar com todos os envolvidos no processo assistencial para que, a longo prazo, aconteça uma mudança”, diz.
Lucas Zambon, diretor-científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, alerta sobre as “datas de doenças”, como o “outubro rosa” contra câncer de mama. “O aspecto positivo é ressaltar para a população a importância do diagnóstico da doença, mas o problema é o apelo comercial que isso está ganhando. Estimula-se a realização de exames, mas se fala pouco da prevenção e sobre formas de evitar que essas doenças se desenvolvam”, afirma.
Recomendações brasileiras
A exemplo do que vem acontecendo pelo mundo, o movimento choosing wisely do Brasil tem engajado as sociedades médicas na discussão. A ideia é que cada especialidade sinta-se à vontade para aderir à campanha e contribuir com uma lista com cinco recomendações de procedimentos que podem ser evitados.
A SBC e a SBMFC já formularam suas recomendações e publicaram em seus respectivos portais da internet.
A Academy of Medical Royal Colleges, que reúne 21 escolas de medicina do Reino Unido, publicou em outubro um relatório com 40 procedimentos médicos que trazem pouco ou nenhum benefício aos pacientes. Já na página da ABIM Foundation, você tem acesso à lista de todas as especialidades e, também, recomendações para os pacientes.
No site do Proqualis estão disponíveis os princípios básicos para elaborar recomendações Choosing Wisely.