A atividade econômica deverá permanecer ‘de lado’ nos próximos meses. O cenário internacional conturbado e a ausência de previsibilidade sobre a aprovação das reformas fiscais deterioram a confiança dos empresários. Essa falta de entusiasmo com o futuro tem levado as empresas a postergar investimentos e a cancelar a contratação de novos trabalhadores.
No cenário internacional, uma possível guerra comercial entre os EUA e a China aumentaria o preço dos produtos importados nesses países e, consequentemente, pressionaria os índices de inflação. Isso deterioraria o poder de compra das famílias das duas maiores economias do mundo e prejudicaria o crescimento mundial.
Além disso, o governo chinês está reestruturando a sua economia para aumentar a participação do setor de serviços e do consumo, em detrimento da indústria tradicional e dos investimentos. Essa mudança é saudável para o desenvolvimento da sociedade chinesa, mas processos de transição podem trazer surpresas no meio do caminho. Um exemplo é o desaquecimento das importações de minério de ferro nos últimos meses, o que prejudica as nossas exportações.
No Brasil, as incertezas sobre a aprovação da reforma da previdência e tributária ajudaram a pressionar o risco no país e, consequentemente, a elevar o custo de oportunidade nos últimos meses. A taxa de juros dos títulos públicos pré-fixados com vencimento em janeiro de 2023 (LTN 2023) subiram de 9% a.a. no final de março para em torno de 10,5% a.a. no início de agosto.

A deterioração do ambiente econômico tem levado as empresas a postergar a contratação de novos trabalhadores. Assim, a taxa de desemprego permaneceu em 12,4% no segundo trimestre, o que significa quase 13 milhões de pessoas sem qualquer tipo de ocupação. Além disso, elevado desemprego inibe o consumo e a produção nacional.
Esse ambiente sugere algumas recomendações para as nossas finanças. A primeira é muita cautela, pois um acirramento dos riscos podem deteriorar os preços dos ativos. A segunda é prestar atenção para eventuais oportunidades, pois podem surgir boas oportunidades de médio e longo prazo. A terceira é gerenciar o riscocuidadosamente para minimizar a possibilidade de prejuízos significativos, afinal as nossas convicções podem estar erradas e o que parece barato hoje pode ficar ainda mais barato amanhã.
Portanto, os agentes econômicos devem continuar tocando a atividade de lado, esperando pela redução das incertezas ao longo dos próximos meses. Precisamos acompanhar atentamente as propostas e a possibilidade de aprovação das reformas essenciais para manter nossa solvência fiscal no médio prazo. O nosso futuro depende do que decidirmos em outubro.