Independente da especialidade, lidar com situações delicadas faz parte da rotina do médico. Neste contexto, ter sensibilidade é fundamental, principalmente quando se está cuidando de um paciente em quadro grave.
“Cada paciente tem suas particularidades. Algumas vezes, ele está muito fragilizado e é natural que hesite em detalhar seu quadro clínico a um estranho. Cabe ao médico identificar essa situação e conquistar sua confiança”, diz Carlos Alberto Malheiros, diretor do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP).
Um bom começo é exercitar a empatia e compaixão, procurando se colocar no lugar do outro. “Se o profissional de saúde não tem essa sensibilidade, dificilmente fará isso. Aqui é onde a comunicação falha e repercute de forma negativa tanto para o paciente quanto para a família”, afirma Fábio Roberto Oliveira, docente do curso de medicina da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
Pequenos gestos que fazem diferença
Não é preciso de muito para acolher o paciente em quadro grave de maneira sensível e gentil. A primeira atitude é simples: olhar nos olhos. Para tanto, vale se colocar no nível de seus olhos. Se o paciente está deitado, por exemplo, evite conversar com ele em pé, pois isso distancia o profissional, deixando o acamado inseguro. “Puxe uma cadeira e sente-se junto à cama ou maca. Essa é uma mensagem não verbal poderosa que fará com que o enfermo sinta que o médico está ao seu lado”, ensina Oliveira, que também é Master Trainer em Programação Neurolinguística.
Muitas vezes, o toque também é de grande valia para confortar. Por uma questão cultural, a prática é válida no Brasil desde que o paciente dê abertura para tal. “Às vezes, quando ele está abalado, não é preciso dizer nada. Basta colocar a mão no ombro dele para transmitir uma mensagem indireta de que você está ao lado dele para ajudar”, pontua Oliveira. Já o abraço deve ser dado apenas se a iniciativa vier do paciente.
Caso o enfermo esteja acamado, segurar em sua mão também é uma maneira fazê-lo se sentir seguro e amparado. “Sempre que possível, receba o paciente com um sorriso e, o mais importante, ouça-o”, enfatiza Malheiros.
O tempo dedicado à consulta também é de suma importância para demonstrar sensibilidade e compaixão. Quando ela é feita às pressas, dará a impressão de que o profissional não está, de fato, ligando para o bem-estar do paciente. Em situações excepcionais, é preciso explicar o motivo da pressa. “Por exemplo, se durante a consulta o médico toma ciência de uma urgência para atender no hospital, ele deve explicar ao paciente que deverá ser mais breve, mas no retorno poderá aprofundar e detalhar a anamnese”, situa Malheiros.
Em suma, é preciso sempre se colocar no lugar do paciente e fazer um amplo exercício de observação, atentando-se às suas necessidades e como você pode deixá-lo mais confortável. Este exercício se aprimora conforme se adquire maturidade e experiência. “Algumas pessoas têm essa percepção inerente, mas também é indicado aprender técnicas de comunicação para tornar o processo mais sensível e humano”, conclui Oliveira.



















