Uma pesquisa desenvolvida pelo Centro Médico da Universidade de Vanderbilt traz uma nova perspectiva sobre o tratamento do câncer de mama inicial, mostrando que é possível dispensar o uso de quimioterapia em alguns casos. O resultado foi obtido por meio da análise de tumores nos quais foi demonstrado que o tratamento tradicional poderia ser substituído por medicações que bloqueiam a hormônio estrógeno, diminuindo os efeitos colaterais da terapia com citotóxicos.
Estes medicamentos de bloqueio hormonal, como o tamoxifeno e outros semelhantes, já são utilizados em terapias endócrinas e são essenciais no tratamento de mulheres que já tiveram a doença e buscam diminuir o risco de reincidência dos tumores de mama.
O estudo que resultou na descoberta, chamado “Tailorx”, foi iniciado em 2006 e publicado em junho deste ano no jornal New England of Medicine e apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, ocorrida no mesmo mês em Chicago, no Estados Unidos.
Para alcançar este resultado foram analisadas amostras de 10.273 mulheres com câncer de mama negativo com a seguinte característica: receptor de fator de crescimento epidérmico humano (HER2) negativo para receptores hormonais positivos. Desde total, 9.719 pacientes apresentaram um perfil elegível para acompanhamento e 6.711 (69%) receberam terapia quimio-endócrina ou apenas terapia endócrina. A experiência demonstrou que a terapia endócrina não é inferior ao tratamento que se utiliza de quimioterapia e alcança resultados semelhantes ou iguais para a sobrevida livre dessa doença invasiva – que é definida como ausência de recidiva, segundo câncer primário ou morte.
Isso abre um precedente de tratamento que pode mudar a qualidade de vida e recuperação das pacientes, pois, mesmo que a quimioterapia seja capaz de salvar vidas, trata-se também de um método que apresenta risco e efeitos colaterais, como a perda de cabelos, náuseas, danos cardíacos, entre outros. Pensar em possiblidade alternativas, com a mesma eficácia e sem estes efeitos é um grande ganho para os pacientes.
De acordo com os pesquisadores, a partir dos resultados obtidos por este estudo será possível diminuir o número de pacientes que seriam indicadas à quimioterapia em aproximadamente 70%. Essa nova abordagem beneficia principalmente as mulheres acima de 60 anos, faixa etária onde estão registrados os maiores índices de câncer de mama.

Este ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a expectativa é que surjam 1,7 milhão de casos de câncer de mama no mundo, sendo 260 mil nos Estado Unidos, onde a pesquisa vem sendo desenvolvida. No Brasil, conforme dados no Instituto Nacional do Câncer (INCA) estão previstos 60 mil novos casos da doença, que representam 25% de todos os casos de câncer registrados em mulheres no país.
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