Há uma associação natural por parte da população quando se fala de avanços da medicina, que é o de imediatamente atrelar às possibilidades de tratamento e cura de doenças. Embora esse seja um prisma essencial a ser desenvolvido, o avanço de tecnologias também vem apresentando novas possibilidades de se encarar o cuidado com o paciente antes mesmo do surgimento de qualquer enfermidade. É nesse contexto que surgiu a medicina dos 4Ps (ou P4, do original), termo cunhado pela Sociedade Europeia de Medicina Preventiva nos anos 2000.
De acordo com o diretor de Gestão de Saúde da Unimed do Brasil, Dr. Orlando Fittipaldi Junior, a ideia desse tipo de abordagem envolve a divisão de toda a lógica do cuidado com o próprio paciente, que não se mantém apenas numa condição passiva. “Cada pessoa é protagonista da sua situação de saúde e conta com maneiras de se Prevenir, Predizer possibilidades, ser Participativo e responsável por seus processos de saúde, além de ter a possibilidade de contar com a Personalização de seus tratamentos. Assim, um dos principais impactos sociais da Medicina 4P se dá na maior interação dos indivíduos com suas condições físicas e de saúde“, explica.
À luz desse modo de encarar a missão de um médico, há a proposta de que se concebam sistemas de saúde focados em pesquisa e prevenção, ou seja, em que a maior parte dos esforços seja no sentido de evitar que certas condições se apresentem, em vez de contornar seus danos. E são os novos devices, redes, aplicativos, plataformas e inúmeras formas disseminadas de tecnologias que trazem à mesa, não apenas uma filosofia, mas uma expertise apoiada em inteligência artificial e conhecimento em rede.

Conheça os 4Ps:
Prevenção – como o nome sugere, compreende todos os esforços para evitar o surgimento de enfermidades ou de complicações. Compreende questões de estilo de vida, que vão de alimentação a higiene e exercícios, que podem ser acompanhados e estimulados por apps, por exemplo.
Predição – neste ponto, o uso de dados e tecnologias se torna ainda mais sensível. É a capacidade de prever a probabilidade de desenvolvimento de doenças com base em variáveis como predisposição genética, contexto geográfico e social, histórico familiar e diversas outras fontes de informações.
Participação – você deve conhecer esse ponto como humanização do atendimento – ou da relação médico-paciente. É a inclusão completa do ser humano, considerando suas vontades, disposições e envolvendo-o, bem como sua família, nas decisões que definem o cuidado recebido.
Personalização – esta diretriz diz respeito ao uso de toda a experiência e literatura médica no cuidado com o paciente, de forma que o conhecimento geral e amplo seja aplicado de forma individualizada, analisando-se caso a caso, de acordo com perfil e necessidades do paciente.
Apesar de ser associada a avanços tecnológicos, a medicina 4P consiste numa abordagem mais humanizada da atividade. “Importante lembrar que a tecnologia não substitui o trabalho médico. Ela agiliza e moderniza as relações que já existem e apoia de modo assertivo as decisões e diagnósticos, desde que centrada nas melhores práticas de regulamentação para isso“, pontua Fittipaldi Junior, evidenciando a mudança de paradigma que o cuidado com o paciente vem passando e ainda passará. “No futuro, com a interação cada vez maior da população com a tecnologia, o atendimento médico será feito de modo personalizado, com tratamentos cada vez mais direcionados ao tipo do paciente, e não ao tipo da doença“, completa.
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