A obesidade, no Brasil, voltou a crescer. Nos últimos 13 anos, houve um aumento de 67,8% na quantidade de obesos no país, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, realizada pelo Ministério da Saúde. Com este aumento, a população torna-se mais suscetível a desenvolver doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e, até mesmo, câncer. A obesidade está cada vez mais sendo relacionada com as doenças oncológicas.
É considerada um fator de risco aumentado para o câncer. Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), evidenciou que o Brasil terá cerca de 29 mil casos de câncer relacionados com a obesidade até 2025. Atualmente, aproximadamente 3,8% dos diagnósticos de câncer no país podem ser relacionados com o peso elevado.
O estudo mostrou que há pelo menos 13 tipos de cânceres relacionados com a obesidade, entre eles, os de mama, endométrio, rim, fígado, próstata, bexiga, esôfago e colorretal. De acordo com o Observatório da Oncologia, a obesidade está relacionada a 10% de todas as mortes oncológicas em não fumantes, em 14% de todas as mortes por câncer nos homens e 20% nas mulheres.
A obesidade pode estar relacionada com até 50% dos casos de câncer de endométrio e esôfago, 30% das neoplasias de rim e 50% dos casos de mama após a menopausa. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela só perde para o tabagismo como fator de risco para esses tipos de doenças. A explicação para isso é que a obesidade contribui para um estado de inflamação crônica no corpo. A inflamação acontece como um mecanismo do sistema imunológico para conter o excesso de gordura. A questão é que o sistema imunológico pode também atacar células saudáveis e, assim, contribuir para um crescimento desordenado das células.
A obesidade, ainda, pode atuar desregulando a morte natural das células, assim, favorecendo a permanência de células disfuncionais no organismo; secretando substâncias pró-inflamatórias, aumentando os vasos sanguíneos, provocando o excesso de gordura na região do abdômen, mudando a macrobiota intestinal, aumentando a secreção de insulina e elevando a produção de hormônios sexuais.
Em 2018, o crescimento da obesidade no Brasil foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, faixas nas quais a doença aumentou em mais de 80%. Mas não é só esse grupo que precisa de cuidados, o Vigitel também registrou aumento de excesso de peso na população em geral. No Brasil, mais da metade das pessoas, 55,7%, tem excesso de peso. Um aumento de 30,8% quando comparado com percentual de 2006. O aumento foi maior entre a faixa etária de 18 a 24 anos.
Para avaliar a obesidade e o excesso de peso, a pesquisa levou em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC). A pesquisa entrevistou 52 mil pessoas, maiores de 28 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal. Diante da realidade de correlação entre obesidade e cânceres, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) tem um posicionamento oficial a respeito do que deve ser combatido. Para o órgão, o controle do sobrepeso e da obesidade não será resolvido apenas com ações individuais, mas com políticas públicas e ações coletivas de promoção à saúde.
Leia mais: