As férias costumam coincidir com o verão, época em que se divertir e relaxar são as prioridades da população. Isso dá lugar à falta de cuidado – o protetor solar costuma ser negligenciado, muitos se esquecem de repor os líquidos perdidos com o suor, entre outras atitudes que deveriam ser tomadas, mas acabam sendo deixadas de lado.
Somam-se ao descuido diversos fatores externos. “O calor e o excesso de umidade formam um ambiente propício à proliferação de bactérias, fungos e mosquitos”, justifica a infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Eliane Tiemi.
Independentemente do motivo, as doenças de verão são responsáveis por levar muitos pacientes aos pronto atendimentos que, por sua vez, podem ficar sobrecarregados.
Evitar essa situação também é uma questão de conscientizar os pacientes. “A prevenção de doenças através das práticas de higiene e cuidados básicos com os alimentos e contato com as pessoas doentes é fundamental para a saúde das pessoas e para evitar a sobrecarga dos serviços de pronto atendimento, urgência e emergência”, diz o clínico geral Roberto Debski.
Doenças de verão mais comuns
Tiemi e Debski elencam alguns dos males que costumam acometer a população mais frequentemente nessa época:
- Desidratação: perda excessiva de água e sais minerais do corpo devido às altas temperaturas da estação, podendo estar associada a uma intoxicação alimentar. O paciente costuma apresentar boca e mucosas secas, baixa diurese e irritabilidade;
- insolação: exposição prolongada e direta ao sol, ocasionando distúrbio no mecanismo de controle da temperatura do corpo, provocando queimaduras na pele, febre e mal-estar;
- intoxicação alimentar: as altas temperaturas da estação dificultam a conservação adequada dos alimentos, contribuindo para proliferação de microrganismos. Pode ocasionar náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, desidratação, mal-estar e mialgia;
- arboviroses: doenças transmitidas por insetos, como Dengue, Zika, Chikungunya e, recentemente, Febre Amarela. A alta temperatura associada às chuvas da estação propiciam a proliferação do mosquito vetor dessas doenças;
- leptospirose: comum devido às enchentes, que acontecem principalmente durante as chuvas de verão. Ocorre quando a água e/ou lama com urina de rato entra em contato e penetra a pele, especialmente se houver alguma lesão;
- dermatites: micoses (infecções fúngicas), brotoejas (causadas pelo calor excessivo), bicho geográfico (dermatose causada pelo parasita Larva Migrans, contraída por meio do contato da pele com areia contaminada por fezes de animais), fitofotodermatose (queimadura ocasionada quando a pele entra em contato com fruta cítrica e, depois, com o sol).
Além dessas, mais comuns, Tiemi destaca otites e conjuntivites, que costumam ser ignoradas mais frequentemente. “Essas inflamações podem ocorrer devido à contaminação por água do mar ou piscina, que pode ser bacteriana ou viral”, completa.
A importância da prevenção
Para evitar que o mal se instale – ou que, caso ocorra, tenha a atenção necessária desde o começo –, o paciente deve ser devidamente orientado, e aqui entra o papel do médico. O consultório também é espaço para conversar e ensinar, portanto, deve ser usado para alertar sobre os riscos das doenças de verão e como evitá-las.
“É preciso deixar claro que são doenças debilitantes que, por vezes, requerem internação hospitalar para tratamento, podendo prejudicar as férias. Além disso, essas doenças podem trazer complicações graves”, alerta Tiemi.
Como prevenir as doenças de verão
Há uma série de recomendações simples que o profissional da saúde pode dar aos pacientes:
- Mantenha hidratação adequada, ingerindo de 2 a 3 litros de água por dia, e prefira alimentação leve e saudável;
- não frequente a praia entre os horários das 10h às 16h;
- use protetor solar adequado para sua pele, assim como óculos e bonés;
- use repelente contra insetos e atente para todo foco possível de reprodução, especialmente água parada;
- mantenha hábitos de higiene saudável;
- aos viajantes para áreas de risco de febre amarela, vacine-se 10 dias antes da data prevista para a viagem;
- dê preferência a roupas leves;
- procure usar chinelos ou outro calçado mesmo na areia da praia;
- cuidado ao entrar em contato com pessoas infectadas com doenças agudas transmissíveis.
Quando procurar o pronto atendimento
Além do trabalho de prevenção, o paciente deve saber em quais situações procurar o atendimento emergencial – tanto para poupar seu próprio tempo quanto para evitar superlotação nos hospitais.
De acordo com os especialistas, o paciente deve procurar assistência médica quando apresentar febre alta e/ou prolongada, vômitos, mal-estar generalizado, prostração, desmaios, dores pelo corpo, dores de cabeça, palpitações, diminuição da urina, tremores pelo corpo e sangramentos.
“Deixar uma doença aguda evoluir sem os cuidados adequados pode até mesmo trazer riscos à vida. A prevenção é sempre o melhor caminho a tomar”, finaliza Debski.
