Os pilares ambiental, social e de governança, que fazem parte do contexto ESG, ganham cada vez mais relevância na sociedade, mas dependem de ações consistentes para gerar resultados efetivos. Na área da saúde, o ESG pode ser fortalecido por meio das boas práticas ambientais, que contemplam de grandes investimentos em arquitetura sustentável a simples mudanças em processos, com o objetivo de reduzir a utilização de recursos naturais ou favorecer a gestão de resíduos sólidos, por exemplo.
Um estudo recente conduzido pelo Health Research Institute (HRI), da consultoria global PwC, constatou que, em geral, as grandes empresas de saúde concentram mais esforços na área social. Um fato que reforça essa percepção são os comunicados públicos feitos por organizações do setor: apenas 2% da comunicação sobre ESG citam questões relacionadas ao pilar ambiental enquanto mais de 96% referem-se às ações sociais.
“O HRI analisou os comunicados à imprensa de 26 organizações de saúde sem fins lucrativos e 19 com fins lucrativos e encontrou 212 menções de metas do pilar social, em comparação com cinco de meio ambiente e três de governança”, esclarece o estudo. Há oportunidades de melhorias, tanto na distribuição das boas práticas entre os três pilares quanto no aprofundamento das iniciativas, com o objetivo de fortalecer os compromissos firmados e mensurar melhor o impacto positivo promovido.
No caso das boas práticas ambientais, o estudo ressalta que pequenos avanços já conseguem gerar valor, principalmente quando as ações adotadas são observadas sob o prisma dos principais desafios ambientais a serem superados, como reduzir o consumo de recursos naturais, mitigar as emissões de carbono e fazer a gestão dos resíduos sólidos.
Pilar ambiental no ESG: como colocar em prática?
O fortalecimento das ações direcionadas ao pilar ambiental do ESG começa com a análise sobre o impacto que a empresa provoca. Só a partir desse diagnóstico é possível estabelecer um plano abrangendo desde as metas e compromissos firmados até a mensuração dos resultados obtidos.
Entender o próprio mercado de atuação é um aspecto indissociável dessa análise, porque há particularidades do segmento que podem influenciar o impacto ambiental causado pelas empresas e pela cadeia de fornecimento como um todo. Assim, até mesmo a escolha de fornecedores pode ser mais ou menos danosa para a natureza. Por exemplo, uma clínica que adquire insumos médicos vendidos por um fabricante local contribui menos para as emissões de carbono (potencializadas pelo transporte por avião ou caminhões) do que outra que compra de fornecedores mais distantes.
Na área da saúde, uma das questões mais sensíveis diz respeito à gestão dos resíduos, que podem abranger itens muito específicos, como agentes contaminantes, substâncias químicas, elementos radioativos, materiais perfurantes, além dos resíduos comuns (a exemplo do lixo orgânico e do lixo reciclável, presentes na maior parte das casas e escritórios).
A elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), em si, já beneficia as organizações que querem estar mais alinhadas ao ESG. Porém, é importante que o documento tenha aplicação efetiva e busque trazer respostas sobre como a empresa pode reduzir ao máximo o impacto que promove em relação à geração de resíduos.
De acordo com o levantamento feito pelo HRI, as principais medidas ambientais que estão sendo realizadas pelas organizações que atuam na área da saúde são:
- alcançar a neutralidade de carbono entre cinco e 10 anos;
- avançar na gestão de resíduos, com foco em melhorar a eliminação de resíduos tóxicos e a prevenção da resistência antimicrobiana.
O monitoramento do impacto no dia a dia é outro ponto que pode revelar ações positivas que já estão em andamento na empresa ou apontar oportunidades de melhorias. Algumas questões nem sempre são evidentes, por isso o pilar ambiental do ESG na área da saúde requer um novo olhar. Por exemplo, durante a pandemia, sua clínica ou consultório passou a realizar consultas online? O teleatendimento médico pode ter contribuído para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
A CommonSpirit Health, que presta serviços de saúde nos Estados Unidos, calculou que a realização de consultas virtuais, entre 16 de março de 2020 e 2 de abril de 2021, reduziu a emissão de gases do efeito estufa em mais de 15 mil toneladas métricas. O exemplo é citado no estudo do HRI e reforça a importância de quantificar os resultados relacionados ao impacto ambiental.
De acordo com o levantamento feito pelo HRI, as seguradoras são as companhias que mais se destacam na adoção das práticas ESG na área da saúde. A Seguros Unimed, por exemplo, tem feito um trabalho consistente nesse sentido e que pode ser conferido no Relatório de Sustentabilidade.
Em 2020, a Companhia reduziu ou zerou o uso de papel em diversas atividades graças ao Programa Digital +. A estimativa é que 5,3 milhões de páginas impressas tenham sido eliminadas. O relatório também demonstra que a emissão de gases do efeito estufa foi reduzida de 589 toneladas de dióxido de carbono, em 2019, para 181 toneladas, em 2020 — o resultado é excepcional e reflete o impacto das medidas de contenção impostas durante a pandemia.
Inspire-se nos bons exemplos. O pilar ambiental do ESG representa novas oportunidades para as empresas que atuam de forma ética na área da saúde, mas precisa ser incorporado ao modelo de negócios em conjunto com as iniciativas sociais e de governança.