O surgimento de novas terapias para o tratamento de dermatite crônica pode trazer mais qualidade de vida e conforto para quem tem que lidar com doenças de pele
O que é dermatite crônica?
A dermatite crônica é uma doença que se caracteriza por erupções e lesões na pele, causando dores, coceiras, entre outros desconfortos. Isso acaba afetando a qualidade de vida das pessoas e causando insônia, ansiedade e estresse.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB), a dermatite crônica afeta 7% dos adultos e 24% das crianças do país.
O que causa dermatite
Basicamente, a dermatite é causada pelo mau funcionamento do sistema imunológico. O processo inflamatório surge quando o organismo é incapaz de formar uma barreira que deve proteger a pele de bactérias, fungos, entre outros microrganismos.
O resultado é o desenvolvimento de reações alérgicas que podem gerar uma doença crônica. Por essa razão, aos primeiros sinais de desconforto, é fundamental procurar um médico dermatologista que investigará a origem e prescreverá o tratamento adequado.
Tipos de dermatite
A dermatite pode ser classificada de acordo com as características, causas e região do corpo em que as inflamações aparecem. A partir acordo com esses elementos, é possível categorizar os seguintes tipos da doença:
Dermatite atópica: Irritação causada por fatores genéticos, ambientais ou alergias. A pele fica mais seca, com a formação de erupções e crostas. A coceira é o sintoma mais recorrente. As partes do corpo mais afetadas são joelhos e dobras dos braços.
Dermatite de contato: De origem alérgica, ela causa erupções, vermelhidão, coceira, e descamação e bolhas. Acomete mãos e rosto e pode ser causada pelo contato com cosméticos, produtos químicos, bijuterias, entre outros agentes irritantes.
Dermatite seborreica: De origem genética ou bacteriana, causa descamação e placas avermelhadas e amareladas. Tende a acometer couro cabeludo e rosto e é mais comum em bebês e jovens adultos, sobretudo homens.
Dermatite de estase: Decorre da falta de circulação do sangue e de outros líquidos na parte inferior das pernas. Geralmente, esse tipo de dermatite acomete pessoas com varizes.
Dermatite esfoliativa: Provoca rachaduras, escamas e vermelhidão na superfície da pele. Pode surgir como efeito colateral de medicamentos, como antibióticos, ou decorrer da complicação de outros tipos de dermatites.
Dermatite herpetiforme: É uma das reações da intolerância ao glúten. Os principais sintomas são coceira e sensação de queimação. Em alguns casos, ela pode desencadear pequenas bolhas.
Dermatite numular: Irritação que forma crostas, bolhas, escamas e manchas em formato de moeda. De causas desconhecidas, esse tipo de dermatite afeta mais pessoas idosas, sobretudo no inverno, quando a pele fica mais ressecada.
O estresse pode causar dermatite?
O estresse, além de problemas cardiovasculares, também pode causar inflamações na pele. Isso acontece devido ao excesso de cortisol, hormônio que pode afetar o sistema imunológico e desencadear uma série de doenças.
A psoríase é um exemplo de dermatite que pode piorar de acordo com o estresse e o estado emocional. Além dela, o estresse pode agravar os sintomas de urticária e vitiligo (caso a pessoa já tenha predisposição genética).
É importante enfatizar que as doenças de pele mencionadas tendem a causar preconceito e afastamento social. No entanto, nenhuma delas é contagiosa e a falta de conhecimento e empatia só atrapalha.
Diagnóstico e tratamento para dermatite atópica
Como já mencionamos, o diagnóstico leva em consideração o estado clínico geral do paciente, sintomas e localização das lesões. O histórico familiar e a associação com outras doenças também devem ser avaliados pelo médico dermatologista.
O tratamento varia de acordo com os tipos de dermatite mencionados anteriormente. Ele pode ser a base de banhos com temperatura de água apropriada e uso de sabonetes, shampoos e hidratantes específicos, por exemplo.
Se for necessário, pode ser que o médico prescreva medicamentos de uso oral ou tópico. Geralmente, eles são à base corticoides, imunossupressores e anti-histamínicos. Os antibióticos são utilizados caso seja identificada infecção bacteriana.
De acordo com a SBD, 77% dos pacientes são tratados com corticoides presentes em anti-inflamatórios. O problema é que, em longo prazo, esses medicamentos trazem riscos à saúde, como diabetes, hipertensão, osteoporose, glaucoma, entre outros.
Em relação aos imunossupressores, eles são recomendados em casos em que a doença é identificada como grave. O problema é que o uso não pode ultrapassar 12 meses.
A boa notícia é que novos tratamentos mais seguros estão surgindo. Isso é um grande alívio para pacientes que buscam por mais qualidade de vida. Confira quais são eles a seguir:
Dupixent
É indicado para pessoas que não podem seguir protocolos de tratamentos tradicionais ou não respondem aos medicamentos disponíveis no mercado. Esse remédio é injetável e deve ser aplicado na região subcutânea.
Geralmente, a medicação é aplicada a cada 14 dias ou de acordo com a orientação do médico dermatologista. A aplicação pode ser realizada pelo próprio paciente, que deve seguir as orientações do profissional. Um dos efeitos colaterais é a conjuntivite.
Upadacitinibe
Em um congresso da Liga Europeia Contra Reumatismo (Eular), foram divulgados estudos que comprovam a eficácia do Upadacitinibe. O medicamento, originalmente desenvolvido para tratar artrite reumatóide, também pode ser usado no tratamento de dermatite crônica.
Os testes realizados revelaram redução clínica em até 80% da coceira em adultos e adolescentes que sofrem de dermatite moderada a grave. É uma ótima notícia para quem luta contra uma doença delimitante que impacta o cotidiano das pessoas.
Como conviver com a dermatite crônica
A melhor maneira de conviver com a dermatite crônica e manter a doença controlada é identificar os fatores que podem desencadear as crises. Também é importante tomar medidas eficazes para evitar os desconfortos causados pela doença.
Banhos em temperaturas adequadas, sabonete e outros produtos de higiene adequados às necessidades da pele são de extrema importância. Além disso, é importante usar roupas de tecidos leves, como algodão, lã ou tecido misto ou sintético.
A limpeza do ambiente faz toda diferença no controle da doença. É preciso evitar o acúmulo de poeira em tapetes, sofás, cortinas e roupas de cama e manter portas e janelas abertas para que o ar circule.
Por fim, é extremamente importante contar com assistência médica de acordo com a frequência estabelecida pelo profissional.