A suspensão de remédios é sempre um momento delicado no tratamento da depressão, no qual o paciente precisa lidar com os sintomas físicos e psicológicos dessa mudança. Nesse processo, um olhar atento – tanto dos profissionais da saúde que acompanham o paciente como de pessoas próximas a ele, como familiares e amigos – é fundamental para mantê-lo próximo e engajado com o tratamento.
“A presença profissional permite a intervenção precoce em caso de sintomas de retirada e monitoramento de possíveis recaídas a longo prazo, com possibilidade de intervenções rápidas e assertivas através de um manejo personalizado”, explica Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Os efeitos sobre o corpo
Por causarem o aumento de substâncias como serotonina e dopamina no cérebro, os antidepressivos aumentam a sensação de bem-estar. Quando retirados, esses medicamentos causam diferentes efeitos sobre o corpo, nem sempre fáceis de serem manejados pelo paciente.
A endocrinologista e metabologista, Andressa Heimbecher Soares, explica que no caso de antidepressivos tricíclicos, a retirada pode desencadear náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreia, calafrios, fraqueza, sensação de cansaço, insônia, dores de cabeça e até ataques de pânico. Já no caso dos chamados inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS), os efeitos podem se manifestar por meio de mal-estar, náuseas, dor de cabeça, letargia, ansiedade, dormência no corpo, confusão, tremores, excesso de suor, insônia, irritabilidade e distúrbios de memória.
A atenção profissional
E é para garantir o sucesso dessa transição – evitando desequilíbrios na química cerebral, desencadeamento da síndrome da retirada e recaídas no tratamento – que a decisão de retirar a medicação precisa passar por uma delicada análise profissional.
O olhar atento ao paciente, entretanto, não é importante apenas para verificar se ele está pronto para essa mudança, mas também para garantir que ele não faça isso por conta própria. “Os riscos da retirada de medicamentos sem acompanhamento são diversos e vão desde o início imediato dos chamados de sintomas de abstinência, até o risco de uma recaída no quadro que o levou a precisar da medicação. Os efeitos podem também se manifestar de forma mais grave e exigir intervenções mais intensivas e duradouras”, explica a psiquiatra.
O engajamento em outras atividades
Além da presença de psiquiatra, psicólogo e outros profissionais da saúde que já acompanham o paciente, o processo de retirada de remédios pode se beneficiar do engajamento da pessoa em outras atividades, que sejam prazerosas para ela. Assim, para ajudar o paciente a reencontrar o seu bem-estar, é interessante que ele seja incentivado pelos profissionais a buscar iniciativas que vão desde a prática de atividade físicas e hobbies até sessões de acupuntura e meditação.



















