Queda no interesse por diversas atividades, alterações de humor e falta de concentração são algumas das características que marcam a depressão. Devido ao seu forte impacto na vida de quem a enfrenta, o processo de recuperação costuma ser árduo e envolver uma série de fatores. Por mais que os profissionais de saúde, de um modo geral, saibam reconhecer esses sintomas, muitas vezes os sinais da doença podem ser negligenciados. Por isso, vale a pena discutir o assunto e debater maneiras de combater a depressão.
“A depressão requer tratamento multiprofissional e quanto mais precoce o seu diagnóstico, maiores as chances de sucesso do tratamento e redução do impacto negativo”, explica Rita Calegari, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. Além de procurar ajuda profissional, essencial para a recuperação, há algumas atitudes que podem ser tomadas para enfrentar o transtorno no cotidiano.
Pensando nisso, conversamos com alguns especialistas sobre formas de reencontrar o seu bem-estar. É preciso, entretanto, ter consciência de que é que preciso respeitar os seus limites nesse processo. “É importante respeitar os seus interesses e a gravidade dos sintomas. Qualquer proposta de atividade deve fazer sentido e ser minimamente interessante para a pessoa”, defende Rodrigo Leite, coordenador dos ambulatórios do IPq – Instituto de Psiquiatria do HC.
1) Lembre-se do potencial da prática de exercícios físicos
Como propulsora do bem-estar, a prática de exercícios físicos é, comprovadamente, parte importante do processo de tratamento da depressão. “Os estudos demonstram que a prática de atividades físicas muda o nosso metabolismo, alterando a produção de hormônios que afetam, além do nosso funcionamento físico, os nossos sentimentos”, explica Rita.
Dessa forma, pode-se optar por uma simples caminhada, prática de esporte coletivo ou mesmo dança. O mais importante é que a atividade seja, de alguma forma, prazerosa ao paciente. “Além dos benefícios neuroquímicos, há também o consequente enriquecimento vivencial que a prática de exercícios traz consigo, como possibilidade de socialização, provação de si mesmo, bem-estar corporal, estético e funcional”, afirma Nikolas Heine, psiquiatra do Hospital 9 de Julho.
2) Cuide mais da sua alimentação
Por mais que os médicos saibam a importância de uma alimentação balanceada, a correria da rotina pode fazer com que esse aspecto do cotidiano não seja bem cuidado como deveria. A boa alimentação também é parte integrante desse processo. Alterações de apetite são comuns em quem enfrenta a doença e o acompanhamento da qualidade nutricional é fundamental para reencontrar o bem-estar e a disposição.
“A boa alimentação não é só necessária no que se refere ao aporte nutricional necessário ao metabolismo, mas também é campo de ação e aprendizado do ‘cuidar de si’, elemento decisivo para a manutenção da saúde”, explica Heine.
Nesse processo, a busca de qualidade de vida, no geral, é essencial. Por isso, é importante também evitar o uso de substâncias como álcool, tabaco e outras drogas, coloca Leite.
3) Evite o isolamento
O contato social também pode trazer bons resultados à recuperação. Por isso, é importante tentar evitar o isolamento – mas sempre respeitando os seus limites. “A proximidade de pessoas do círculo social pode ser uma importante fonte de ativação comportamental”, explica Leite.
Neste ponto, os profissionais ressaltam que a rede de apoio é essencial para a recuperação do paciente, desde que essa entenda o momento do outro. “Forçar o indivíduo a ‘reagir’ pode deixá-lo se sentindo ainda mais frustrado. Portanto, ofereça apoio e incentivo mas não adote nenhuma postura de cobrança”, explica o profissional.
4) Procure retomar a rotina de forma gradual
Tentar manter a rotina ou, ao menos, retomá-la aos poucos, quando se sentir preparado pode ajudar na recuperação. “É interessante tentar encontrar um sentido nas coisas que faz: buscar aquilo que o impulsiona, motiva ou desafia”, explica Rita.
Para isso, é possível tentar reinserir no cotidiano atividades que costumavam ser prazerosas ou mesmo aderir a novas experiências, como atividades que sempre teve vontade de fazer, mas nunca colocou em prática. Para Heine, esse também é um momento de descobertas. “A depressão, da perspectiva existencial, é período de mudanças estruturais, que geram sofrimento, mas é porta de entrada para a própria reinvenção”, finaliza.



















