Criar uma reserva financeira para garantir a tranquilidade na aposentadoria é uma necessidade. Muitas vezes o tema parece distante e os sonhos de curto e médio prazo exigem prioridade na agenda orçamentária: construir uma casa, abrir o próprio consultório ou investir na pós-graduação, por exemplo, demandam grande atenção.
Mas a verdade é que com o avanço da expectativa de vida da população aumentando e os sinais de endurecimento das regras previdenciárias, é preciso organizar as finanças para criar também uma reserva de longo prazo. “É muito provável que a pessoa não consiga manter o mesmo padrão de vida que tinha enquanto trabalhava depois de se aposentar, apenas com o benefício do INSS”, explica Silas Devai Jr., Superintendente de Vida, Previdência e Patrimoniais da Seguros Unimed.
Para o profissional, a maioria das pessoas tem a consciência da necessidade de criar essa reserva, mas ainda falta a atitude de levar a teoria para a prática e tornar o projeto efetivo. “No Brasil, a população está começando agora a criar o hábito de poupar. No geral, as pessoas começam a se preocupar realmente com o assunto a partir dos 40 anos”, contextualiza.
Criar o hábito de guardar dinheiro ao longo da vida ativa, entretanto, facilita muito essa tarefa. Começando cedo, o processo demandará menos esforço financeiro, já que será feito aos poucos, e a reserva ficará mais tempo sob o efeito dos juros compostos – o que aumentará a efetividade do investimento.
Como criar, então, a disciplina para poupar com consciência e não deixar as responsabilidades momentâneas se apropriarem de toda a sua renda? Existem diversos investimentos úteis para reservas a longo prazo e alguns, como os produtos de previdência privada, permitem que a contribuição seja feita de forma automática. “Quem tem dificuldade em poupar deve assumir compromissos que o obrigue a guardar dinheiro todo mês. Depois de um tempo, ele simplesmente deixa de contar com aquela quantia como parte da renda”, explica Paulo Ferreira Barbosa, professor de Economia da IBE-FGV.
Em meio à rotina atarefada, mesmo sabendo que está na hora de começar, diversos profissionais acabam deixando a escolha de um investimento para depois. Uma boa forma de parar de postergar essa decisão e dar início ao projeto é procurando ajuda profissional.
Diversas empresas oferecem testes e simuladores para que as pessoas entendam o quanto precisam poupar para manter o padrão de vida no futuro. Devai Jr. explica que antes os profissionais eram orientados a considerar que precisariam de 60% do seu salário para viver no futuro. “As pesquisas mais recentes, entretanto, têm mostrado que as despesas na aposentadoria não estão caindo”, explica. Por isso, a recomendação hoje é projetar um benefício que corresponda a 100% dos rendimentos atuais – considerando também a participação da previdência pública.
Pode parecer difícil, mas esse esforço valerá muito a pena para não ser pego de surpresa no futuro. “É preciso fazer esse sacrifício no presente, enquanto ainda é uma escolha, para lá na frente, na fase em que poderia estar aproveitando mais a vida, não ser forçado a baixar o padrão de vida”, finaliza Barbosa.
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