O diagnóstico tardio do câncer de boca é atribuído à ausência de sintomas, na maioria das vezes. Quando pacientes buscam um profissional de saúde, cirurgião-dentista ou médico, as lesões costumam estar em estágio avançado, o que dificulta o tratamento. Por isso, está associado a um risco elevado de morte.
É considerada uma das principais neoplasias em todo o mundo e responsável pela maioria dos cânceres de cabeça e pescoço. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) calcula que para cada ano do triênio 2020/2022 são detectados no país 15.190 novos casos de câncer de boca e orofaringe. O Brasil é o terceiro país com maior incidência desse tipo de câncer.
Cerca de 90% do câncer da mucosa oral são do tipo carcinoma epidermóide, que surgem na borda lateral da língua, na orofaringe e no assoalho da boca, como uma lesão vermelha (eritroplasia), lesão branca (leucoplasia) ou uma mistura das duas (eritroleucoplasia) com uma úlcera.
Mudança de comportamento e riscos
A doença, mais comum em homens acima de 40 anos, está fortemente associada ao consumo de cigarro e álcool.
No entanto, têm sido detectados cada vez mais casos em jovens e mulheres, particularmente na orofaringe, associados à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). O vírus já está presente em 32% dos tumores de boca em pacientes abaixo de 45 anos.
Outro fator de risco relacionado à doença é a exposição à luz solar; daí a significativa prevalência da patologia nos lábios, entre brasileiros. Problemas imunológicos, falhas no metabolismo carcinogênico ou nas enzimas de reparo do DNA também são apontados como causadoras de carcinoma epidermóide.
O cirurgião-dentista Fábio de Abreu Alves, presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), recomenda que se realize biópsia em todas as lesões ulceradas que persistam por mais de duas semanas como forma de iniciar precocemente os cuidados, se for um tumor maligno.
Tratamento e formas de alívio
O tratamento, em geral, consiste em cirurgia para remoção do tumor, seguida ou não de rádio ou quimioterapia. “Pacientes irradiados com tumores na região de cabeça e pescoço merecem atenção especial. A diminuição do fluxo salivar os deixam mais suscetíveis a doença periodontal e cárie. Essa cárie, quando associada à radioterapia, evolui rapidamente destruindo as coroas dentárias em poucos meses”, diz Alves. “Exodontias, processo de extração de dentes, devem ser evitadas devido ao risco de osteorradionecrose”, acrescenta o estomatologista.
Para amenizar a frequência e a gravidade da mucosite oral, efeito colateral da quimio e da radioterapia, são indicados bochechos com solução salina e bochechos com dexametasona. “A dexametasona contribui para reduzir a dor e a inflamação, mas deve ser utilizada em períodos curtos, de até duas semanas”, explica Alves. “A laserterapia, ou fotobiomodulação, é um dos recursos mais eficazes para o controle da mucosite”, finaliza o especialista.


















