Os smartphones fazem parte da rotina dos pacientes. Diante dessa realidade, é natural que o mercado da saúde encontre formas de usar essa onipresença a favor tanto do profissional quanto dos clientes.
“O uso do smartphone pode trazer muitos benefícios para a rotina do médico e do paciente. Ele pode contornar problemas comuns, como a dificuldade de marcar um retorno, manter a comunicação eficaz sobre as condições do paciente, relacionamento pós-consulta, entre outros”, resume Felipe Lourenço, co-founder & CEO do iClinic e especialista em Informática e Gestão em Saúde pela Universidade de São Paulo (USP).
Esses aparelhos fazem parte do dia a dia da população, mesmo a menos favorecida, o que permite que seu uso também seja uma ferramenta de acessibilidade. Um gesto de clínica que não pode investir em equipamentos de ponta pode apostar em gadgets que fazem do smartphone uma poderosa ferramenta de diagnóstico
‘Assim, mesmo quem não tem acesso a centros de excelência, seja por limitações geográficas ou financeiras, podem ter acesso a essas práticas de forma mais acessível graças ao smartphone”, completa.
Em outras palavras, as possibilidades para usar o smartphone dentro e fora do consultório são vastas. Porém, é preciso sabedoria.
Como usar o smartphone a favor do paciente
“Estamos falando de um computador de bolso com conectividade. Portanto, o smartphone pode ter funções de telefone, aplicativo, de visor de equipamento médico e como ferramenta para interligar equipes de apoio ao diagnóstico”, diz Chao Weng, professor livre-docente e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Weng dá alguns exemplos: com a instalação dos gadgets e aplicativos certos, o smartphone pode fazer a vez de ultrassom portátil. Com lentes apropriadas acopladas à câmera, pode ser usado para verificar lesões na pele e fazer exame de fundo de olho.
“Alguns aplicativos já trazem inovações como acompanhamento em tempo real das funções vitais do paciente, prontuários eletrônicos online e muito mais”, comenta Lourenço.
No caso da comunicação, é preciso cuidado. Por ser um aplicativo gratuito e amplamente difundido, muitas equipes vem usando o WhatsApp como principal meio de conversa. No entanto, ele foi primariamente criado para interação entre pessoas, o que o torna compatível para o compartilhamento de informações sigilosas.

“Para fins médicos, não se pode usar o mesmo aplicativo gratuito que permite o vazamento de dados. Existem apps pagos que permitem a interação entre membros de uma mesma equipe com uso de protocolo de segurança de dados digitais, o HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act, ou Lei de Portabilidade e Responsabilidade do Seguro de Saúde), que conta com um sistema contra vazamento de dados”, indica Weng.
Limites para o uso dos smartphones em consultórios e clínicas
A regulamentação é um ponto-chave quando falamos no uso de novas tecnologias na área médica. Por isso, é fundamental conferir as regras do Conselho Federal de Medicina (CFM) em relação a este tópico.
“Uma dessas regulamentações, por exemplo, diz que as clínicas interessadas em oferecer um atendimento através da internet ou aplicativo médico, deve estar inscrita no Conselho Regional de Medicina (CRM) da jurisdição onde pretenda atuar”, explica Lourenço.
Em relação ao atendimento em si, vale o bom senso. “Se você está fazendo um atendimento presencial, esse deve ser o momento de olhar para o paciente. O smartphone só deve ser usado quando indispensável. É uma questão comportamental”, orienta Weng.
Depois da consulta, o smartphone ganha protagonismo para acompanhar ou monitorar o paciente. “Quando bem utilizados, os sistemas digitais podem estreitar o relacionamento médico-paciente desde que nenhuma das partes faça uso incorreto ou exagerado. É preciso determinar limites de horários e dias e respeitá-los”, ensina Weng.
Com regulamentação e responsabilidade, o futuro da medicina encontra nos aparelhos inteligentes grande potencial. “Essa integração com a tecnologia está trazendo muitas vantagens para todos. Se você quer fazer parte desse futuro, considere o uso do smartphone na sua rotina”, finaliza Lourenço.

















