Com a facilidade de obter crédito, muitos brasileiros acabam se envolvendo em dívidas desnecessárias – muitas vezes fruto do descontrole financeiro. Isso não quer dizer que toda dívida deve ser vista com maus olhos, pois existem algumas exceções. “Financiamento estudantil é uma delas, uma vez que o investimento em educação alavancará o capital intelectual, que em consequência proporcionará mais renda, levando a um aumento de renda no futuro”, explica Renan Lima, planejador financeiro CFP certificado pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.
Porém, as questões problemáticas são referentes àquelas dívidas que surgem a partir de um gasto não planejado, principalmente por impulso, onde se utiliza créditos de terceiros – como cartão de crédito, cheque especial, empréstimo consignado etc. Essa falta de planejamento pode causar o descontrole financeiro. Elencamos as dívidas desnecessárias mais comuns e como evitá-las.
1- Parcelamentos no cartão
Apesar de ser um hábito do brasileiro, comprar em parcelas a perder de vista é um convite ao descontrole financeiro. Em um exercício mental breve, você seria capaz de listar todas as parcelas que estão pendentes em seu cartão de crédito sem checar na fatura? Elas acabam se acumulando e, quando menos se espera, já causaram grande estrago.
“Em geral, é recomendável comprar à vista, para facilitar o controle e ter benefícios como descontos. Hoje, é permitido ao comércio a diferenciação do preço à vista e à prazo, portanto, planejar a compra à vista sempre é a melhor opção”, orienta Lima.
Há apenas algumas situações onde dividir o valor pode valer a pena. Uma delas é quando você precisaria tirar o dinheiro de um investimento para dar conta da despesa à vista. “Se o desconto for menor do que o rendimento de sua aplicação, pode-se considerar o parcelamento”, diz o coach financeiro Robson Profeta.
2 – Cheque especial
Na maioria das vezes, ele é utilizado quando se gasta mais do que se ganha, o que por si é um sinal de descontrole financeiro. Como se não bastasse, os juros dessa modalidade de crédito são altíssimos: 303,6% ao ano no mês de junho, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças (ANEFAC). Com planejamento, essa é uma dívida que pode ser facilmente evitada.
3 – Pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito
Apesar do fim do crédito rotativo, pagar o mínimo continua sendo uma atitude perigosa. Os juros continuam altíssimos – 355,11% ao ano em junho, segundo a ANEFAC –, e qualquer adiamento do pagamento sofrerá a incidência dessas altas taxas. “Uma pessoa que decide fazer disso uma rotina, ao longo dos meses, poderá não ter mais dinheiro nem para pagar o mínimo frente aos juros altos”, alerta Profeta. Por isso, é indicado sempre pagar o valor integral da fatura.
4 – Empréstimo consignado sem necessidade
Hoje em dia, é possível obter este tipo de crédito até mesmo pelo caixa eletrônico. A facilidade é grande, logo, o risco de contratá-lo sem precisar também. “Ele apenas é indicado quando existe alguma emergência familiar e o dinheiro poderá ser usado para a resolução. Ainda assim, é importante pesquisar taxas e contratar aquele com menor custo”, aponta Lima. O consignado também é uma boa opção para quitar dívidas mais caras, pois costuma oferecer as menores taxas de juros do mercado.