Traduzido para o português como Medicina Sem Pressa, a Slow Medicine se caracteriza por ser uma filosofia de trabalho que revaloriza a relação médico-paciente. A ideia é transformar atendimentos rápidos e “robotizados” em sessões mais longas e cuidadosas, resgatando os valores humanos da medicina.
O tempo para ouvir é um de seus pilares. A escuta do paciente precisa ser cuidadosa e respeitosa, seguindo um raciocínio clínico. Outro ponto importante é o uso moderado da tecnologia. Para os adeptos do movimento, a tecnologia é importante ferramenta, desde que usada com parcimônia, sem banalização.
Para o médico José Carlos Aquino de Campos Velho, um dos pioneiros do movimento no Brasil, a iniciativa da Slow Medicine é uma forma não só de melhorar o tratamento pelo ponto de vista do paciente. “O médico também sai ganhando porque é uma forma de se envolver mais profundamente”.
13 princípios
Um profissional seguidor dessa filosofia deve ter uma relação com seu paciente que seja sóbria, respeitosa e justa. Estes três itens fazem parte do Manifesto publicado pela Slow Medicine.
Além do que está descrito no documento, há também 10 princípios fundamentais, que são: tempo; individualização; autonomia e autocuidado; conceito positivo de saúde; prevenção; qualidade de vida; medicina integrativa; segurança; paixão e compaixão e uso parcimonioso da tecnologia.
Para Campos Velho, diferentes profissionais podem usar esses princípios no dia a dia. “Todas as especialidades médicas podem aderir aos conceitos da Slow Medicine, e também profissionais de outras áreas de saúde”, enfatiza.
Menos exames e remédios
O atendimento com melhor relação entre profissional e paciente gera mais conforto e sensação de bem-estar. Mas não é apenas desse conceito que a iniciativa da Slow Medicine extrai vantagem. É possível reduzir os custos com exames, dispensando os que farão pouca ou nenhuma diferença no decorrer do tratamento.
O uso exagerado de processos medicamentosos também é rigorosamente avaliado. “Os pacientes se surpreendem positivamente ao saberem dos conceitos e da forma de atuar fazendo uso da Slow Medicine”, explica.
Não há idade considerada ideal para pacientes de Slow Medicine, embora seja com os pacientes idosos que a ideia é melhor aceita.
Origens e chegada ao Brasil
A Slow Medicine é parte de um amplo movimento criado a partir de 1986, em Roma. Sua primeira vertente questionava o consumo de fast food (slow food). Hoje é possível encontrar essa filosofia em diferentes áreas, da moda (slow fashion) às relações familiares (slow parenting).
Na medicina, o movimento Slow foi citado pela primeira vez pelos médicos Alberto Dolara, em 2002, e Dennis McCullough, em 2008. Foi só em 2011, porém, em Turim (Itália), que o movimento ganhou forma e foi finalmente criado. No Brasil, a Slow Medicine começou a ganhar atenção em 2014, quando o italiano Marco Bobbio veio ao país lançar o livro “O doente imaginado”.
Para ler artigos e saber sobre eventos de Slow Medicine no Brasil, acesse www.slowmedicine.com.br.
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