Durante sua carreira, é grande a chance de o médico atender mulheres vítimas de violência doméstica e sexual. A cada hora no Brasil, 503 mulheres são agredidas fisicamente, de acordo com pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Datafolha. Ao longo de um ano, isso representa 4,4 milhões de brasileiras, 9% do total das maiores de 16 anos.
Ao receber uma possível vítima, o médico deve seguir alguns passos essenciais. Veja abaixo cinco etapas para um melhor atendimento, de acordo com o Protocolo de Atenção Básica do Ministério da Saúde:
Acolha a paciente
Antes do preenchimento de fichas e prontuário, é preciso que a mulher seja acolhida. Atendimento humanizado e escuta qualificada são os primeiros passos a serem adotados pela equipe, com abordagens indiretas a fim de identificar os motivos de contato.
Há sinais de violência?
Muitas vezes o medo e a vergonha impedem a mulher de falar abertamente sobre a agressão. Por isso, o médico deve estar atento a sinais que podem demonstrar que a mulher foi vítima de violência. Queixa de dores pélvicas e abdominais crônicas, doenças pélvicas inflamatórias, distúrbios gastrointestinais e sofrimento psíquico são alguns exemplos.
Também são possíveis indícios de violência caso haja recusa de exame ginecológico e a presença de ferimentos que não condizem com o que a paciente disse ter ocorrido. Uma inspeção detalhada de partes do corpo – tronco, membros, nádegas, cabeça, pescoço, mucosas, orelhas, mãos e pés – pode revelar sinais e hematomas.
Se há sinais de violência sexual, devo informar às autoridades?
Os casos de violência sexual são de notificação compulsória em até 24 horas, tanto em estabelecimentos de saúde pública, quanto privada. Para violência doméstica é necessário notificar no intervalo de uma semana. A ficha para preenchimento está disponível online. Se a vítima de violência for menor de 18 anos é necessário acionar o Conselho Tutelar e/ou Vara da Infância e da Juventude.
A administração de Anticoncepção Hormonal de Emergência (AHE) compõe o plano de cuidado, exceto em mulheres que fazem o uso de método anticoncepcional de alta eficácia.
Onde me informar mais?
O protocolo de Atenção Básica de Saúde das Mulheres traz uma série de orientações para os profissionais de saúde. O conteúdo completo está disponível online.