O sonho de abrir a própria clínica ou consultório passa por algumas etapas cruciais para avaliar a viabilidade do empreendimento. O modelo e o plano de negócios são os principais instrumentos para colocar a ideia no papel e traçar estratégias para iniciar as atividades.
“O plano de negócios é uma ferramenta muito importante para a decisão de abrir um novo negócio, porém não deve ser o primeiro passo dessa jornada. Recomendamos sempre começar pela construção do modelo de negócios para começar a concretizar a ideia. Esse instrumento vai te ajudar a olhar para dois pontos essenciais: proposta de valor e cliente”, ressalta João Luis Moura, consultor do Sebrae/PR.
Com o plano de negócios será possível mensurar riscos, analisar as estratégias e sustentar a tomada de decisão, segundo Artur Motta, professor de empreendedorismo e marketing da Fecap. “Ao elaborar o planejamento desenvolvemos uma visão integrada e de longo prazo dos diversos aspectos do negócio: financeiro, mercadológico, operacional, entre outros. Essa visão permite se antecipar às situações futuras e otimizar recursos, tendo em vista o projeto como um todo”, afirma.
De acordo com Motta, a decisão sobre o montante a ser investido na ambientação da clínica ou consultório costuma acontecer antes das despesas operacionais do dia a dia e das ações de marketing para atrair os pacientes.
“Elaborando um plano de negócios é possível desenvolver essa visão e alocar recursos adequadamente para cada uma dessas etapas, conforme o cronograma do projeto e a relevância dos investimentos. Sem o planejamento, há o risco de destinar montantes desproporcionais para despesas incorridas inicialmente e faltar dinheiro para as fases posteriores, que podem ser críticas para o sucesso do negócio”, explica.
Como elaborar um plano de negócios
Atualmente, instituições e órgãos que fomentam o empreendedorismo oferecem capacitações que podem auxiliar o médico empreendedor, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
João Marcos Borges, professor de ciências econômicas e contábeis da IBE Conveniada FGV, diz que um plano de negócios bem elaborado deve conter informações detalhadas sobre o mercado potencial, como clientes, fornecedores, concorrentes, produtos e serviços, e os motivos pelos quais os pacientes vão procurar sua empresa.
Segundo Borges, outros pontos que também devem ser incluídos são:
Marketing e comunicação: estratégias para que o cliente conheça sua empresa, produtos e serviços oferecidos;
Operacional: inclui a estrutura de funcionamento do seu negócio, layout da clínica ou consultório, disposição das salas, organização do espaço, entre outros.
Planejamento financeiro: descrição dos gastos antes de abrir a clínica – recursos para reformas do espaço físico, equipamentos e mobiliário –, despesas fixas após início das atividades e salário do médico;
Análise dos cenários: é um dos pontos mais importantes, pois avalia a viabilidade econômica da clínica, faturamento mínimo necessário para pagar as contas e meta de produtos e serviços que devem ser vendidos considerando um cenário realista, otimista e pessimista.
“O plano de negócios precisa ser objetivo, claro e bem embasado em suas projeções. Os dados do mercado precisam ser coletados nas associações de classe, dados estatísticos do IBGE e associações comerciais, que fazem pesquisas com regularidade e disponibilizam ou comercializam estas informações”, diz Borges.
Principais erros na hora de elaborar o plano de negócios
A empolgação com a abertura da clínica ou consultório pode atrapalhar o processo de planejamento, portanto cuidado com a euforia exagerada e as percepções pessoais de mercado.
“É recomendável conversar com vários interlocutores de diversas áreas, coletar uma grande quantidade de informações, pesquisar negócios semelhantes e concorrentes e, principalmente, testar diversas vezes as hipóteses utilizadas para elaborar o plano de negócios”, destaca Motta.
Vale frisar que o planejamento deve ser revisado regularmente para acréscimo de novas informações e ajustes. “O plano de negócios é sistêmico e vivo. Há uma interligação entre vários elementos e a alteração em um deles pode impactar os demais. A brevidade da atualização minimiza o risco de perda da informação e favorece o empreendedor com prazos para obter mais informações ou acertar rotas”, finaliza Motta.