Teoricamente, não é preciso pensar muito para concluir que não se pode gastar mais do que ganha. No entanto, a realidade mostra números altíssimos de pessoas endividadas – ou seja, o que é sabido no campo racional nem sempre é tão simples de ser colocado em prática.
Existem diversos motivos para este fenômeno. “Uma primeira justificativa é a falta de planejamento. Boa parte da população ainda deixa de lado o orçamento mensal, responsável pelo direcionamento. Sem isso, os gastos tendem a crescer desenfreadamente”, diz o educador financeiro Victor Barboza.
Além disso, nem todos colocam no lápis o quanto recebem – algo especialmente comum entre autônomos, cuja renda mensal varia – e gastam. “Podemos especular sobre raízes culturais e religiosas, baixa autoestima e mecanismos de autossabotagem, irresponsabilidade, ausência de desenvolvimento cognitivo matemático/financeiro, inexistência de currículo escolar específico, entre outros aspectos possíveis”, resume Sérgio Mendes, planejador financeiro e consultor da Solution For Life.
Seja qual for o motivo, é preciso eliminar este hábito, visto que não é possível construir um patrimônio quando se gasta tudo ou mais do que se ganha. Por isso, os especialistas dão dicas para finalmente alcançar uma vida financeira equilibrada e saudável.
Não confie na sua cabeça
Em sua rotina corrida, você precisa lidar com milhares informações – de medicações e prontuários a questões burocráticas e pessoais. Imagine, além de tudo isso, forçar seu cérebro a guardar o quanto você gastou ao longo do dia. “Por isso é importante que todos os gastos sejam registrados em algum lugar para depois, ser comparado com as receitas. Isso evita erros”, justifica Barboza. Isso nos leva à próxima dica.
Anote todos seus gastos
Não importa se é em um aplicativo, caderninho ou planilha: você precisa listar todas suas despesas. Em relação ao método, não existe certo ou errado – o mais importante é aderir à forma que funciona para cada um. Há quem precise do papel, enquanto outros indivíduos preferem lançar direto na planilha. Já outros centralizam suas vidas no celular, permitindo que o hábito de anotar gastos via aplicativo entre facilmente na rotina.
Você também pode combinar métodos, usando o aplicativo para anotar as despesas no dia a dia e, ao final de cada semana, lançá-los na planilha para ter uma noção real do que foi gasto.
Faça um orçamento
Ele nada mais é do que o controle da entrada e saída do seu dinheiro em um mês e funciona de um jeito similar ao fluxo de caixa de clínicas, consultórios e outras empresas. “É responsabilidade do usuário transformar estes dados em informações úteis”, comenta Mendes. Em outras palavras, é preciso entender como você está gastando seu dinheiro. Com este controle, você poderá analisar de forma fria onde está gastando demais, por exemplo.
Caso você ainda não tenha um método para organizar seu orçamento, sugerimos o 50/30/20. Nele, você dividirá sua renda líquida em três partes:
- 50% para gastos essenciais (alimentação, moradia, transporte, telefone, saúde, internet e outros itens considerados fundamentais);
- 30% para gastos supérfluos (lazer, compras, jantares em restaurantes, saídas, hobbies e afins)
- 20% para investimentos.
Corte gastos da maneira certa
O método 50/30/20 ajudará a analisar quais gastos podem ser cortados, visto que ele visa o equilíbrio das finanças. Assim, caso você esteja gastando mais em itens essenciais, saberá que precisa maneirar nas compras de supermercado, trocar de plano de internet ou morar em um local com aluguel mais barato, por exemplo. Caso esteja extrapolando nos supérfluos, pode ser o caso de comer menos em restaurantes ou analisar se você possui tendências consumistas.
Pare de parcelar compras
Este hábito favorece, e muito, o descontrole financeiro. Uma parcela que parece caber no orçamento, quando somada às demais parcelas já “penduradas” no cartão de crédito, pode virar uma bola de neve que te comprometerá por meses.
Cuide das suas emoções
De acordo com um estudo conduzido pelos departamentos de psicologia das Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos, estar triste pode levar um indivíduo a tomar más decisões financeiras, inclusive descontando os sentimentos nas compras.
“Há um hábito de consumo baseado no mecanismo de recompensa, no qual o estresse diário é contraposto pela ‘recompensa’ do prazer do consumo. É um indicativo encontrado largamente na população adulta brasileira nas diversas classes econômica”, conclui Mendes.
Leia outras matérias semelhantes: