A ARROGÂNCIA de certos líderes caracteriza-se pelo modo de demonstrar superioridade nas atitudes e desrespeito, aliados ao desprezo e insolência com os demais. A PREPOTÊNCIA é quase um sinônimo, quando o líder abusa do poder e da autoridade que lhe foram concedidos ou tem uma tendência exagerada para o mandonismo e até para a tirania. Exemplos na política internacional existem para listar um caderno inteiro. Muitas outras ainda na História, desde a Idade Antiga, Medieval e Modernidade. São os senhores da vida e da morte, cujo poder é ilimitado. A partir de um certo ponto, fica introjetada uma condição quase divina, para cumprir uma missão que lhe foi dada como um ser plenipotenciário, autorizado a decidir sobre a vida das pessoas.
O caso das lideranças empresariais prepotentes distingue-se na intensidade das ações políticas e dos resultados, mas o perfil é o mesmo.
O poder, para certas pessoas (e não são poucas), quando assumido de forma absoluta, condiciona ilimitadas possibilidades de exercício.
Para mentes narcísicas, ególatras e maldosas, quaisquer atitudes são válidas para manter ou subir na escala hierárquica pretendida.
Encontrei num livro do jornalista norte-americano Jack El-Hai (1958-), especialista em reportagens históricas, um exemplo clássico dessa tipificação da busca pelo poder.
O escritor narra episódios relatados por prisioneiros nazistas enquanto esperavam o julgamento em Nuremberg (1945-1946). É o caso de Hermann Göring, o Marechal do Reich, ordenando o assassinato de um amigo, Ernst Röhm, durante o sangrento expurgo do Partido, a Noite das Facas Longas. O psiquiatra da prisão então perguntou: mas como o senhor conseguiu ordenar a execução de um velho amigo? Göring ficou sentado em silêncio; o olhar expressava surpresa, impaciência e piedade. A seguir encolheu os grandes ombros, virou as palmas das mãos e disse com palavras simples e curtas: ele estava no meu caminho.
No mundo empresarial, associativista, ou sindical, ou nas empresas familiares, a corrida insana pelo poder também ocorre.
Em períodos eleitorais, os candidatos lançam-se antecipadamente para arregimentar votos a seu favor. Também aí – como no caso Göring – buscam a amizade e as boas graças do líder que está no poder. E, se for necessário, massacram e traem os que estão no caminho. Mesmo se forem amigos.
A fala alta, a aparência intimidadora e de valentão de certos dirigentes, que tentam sobrepor-se aos demais, na verdade, muitas vezes escondem um covarde, que logo recua ao ser enfrentado.
Cuidado com aqueles que se isolam na arrogância, cercados de “proteção”, que evitam responder questões que lhe são feitas como se estivessem acima das pessoas comuns. Esta couraça pode esconder segredos além do egocentrismo. Já vi casos em que este tipo de dirigente não queria aproximação da imprensa, nem de outros questionamentos, porque poderia levá-los a descobrir desvios e malversações em sua atividade empresarial.
O líder transparente responde às perguntas e fica à disposição para debater eventuais dúvidas, com aspecto facial tranquilo, sem crispações, olhando para os interlocutores.