Não é ficção científica: softwares e computadores inteligentes executam, cada vez mais, atividades que antes eram feitas apenas por seres humanos.
Conhecidas pelo nome de Inteligência Artificial, essas tecnologias já são testadas com sucesso na área da saúde, abrindo caminho para o que pode ser uma revolução na prática médica.
Conheça abaixo 6 usos de Inteligência Artificial para o apoio ao diagnóstico:
Câncer
Pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC) e da Harvard Medical School (HMS), nos Estados unidos, desenvolveram uma forma de “treinar” computadores para que eles consigam identificar tumores malignos a partir de imagens digitalizadas.
Em um teste utilizando imagens de linfonodos, o software fez o diagnóstico correto em 92% dos casos, aproximando-se à precisão de um patologista, de 96%. O índice de acerto subiu para 99,5% quando a análise foi feita em conjunto pelo computador e por um médico.
O software Watson, da IBM, também vem sendo usado para o diagnóstico de câncer.
Estresse pós-traumático e depressão
“Ellie” é o nome de um programa de computador criado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. O software faz perguntas aos pacientes e, nas respostas, consegue identificar possíveis sinais de transtorno pós-traumático, depressão e outras condições médicas. A análise é feita a partir das respostas verbais, expressões faciais e entonações da voz.
Uma das vantagens do uso de máquina é que os pacientes se abrem mais quando sabem que estão conversando com um programa de computador, sem controle humano. O resultado foi identificado a partir de estudo randomizado com 239 pessoas.
Sepse
Em Curitiba, o Hospital Nossa Senhora das Graças reduziu em 63% os casos de sepse com o uso de uma tecnologia de Inteligência Artificial chamada Robô Laura, capaz de aprender quais são os indícios de septicemia e identificar precocemente os pacientes em maior risco.
A cada 3,8 segundos, a ferramenta faz a leitura dos exames e sinais vitais dos pacientes internados. Quando o robô encontra possíveis indícios de sepse, emite para a equipe de cuidado um alerta com o número do leito. A mensagem é exibida nos televisores disponíveis nos postos de atendimento e enviada para os profissionais por e-mail.
Retinopatia diabética
Pesquisadores do Google, de centros de pesquisa da Índia e de universidades da Califórnia e do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveram um software capaz de detectar retinopatia diabética, principal causa mundial de perda de visão. Para identificar a doença, o algoritmo foi treinado a partir de aproximadamente 128 mil imagens de diagnósticos feitos previamente.
Em dois testes com mais de 10 mil imagens de retinas, o software alcançou sensibilidade de 87%-90% e especificidade de 98%. Os valores superam as diretrizes geralmente recomendadas para a triagem da doença, de 80% para ambas.
Esquizofrenia
Pesquisadores americanos, brasileiros e argentinos utilizaram um software de processamento de linguagem natural (NLP na sigla em inglês) para diagnóstico de 34 adolescentes com alto risco de desenvolver psicoses. O programa analisou, semântica e sintaticamente, as transcrições de entrevistas trimestrais feitas durante dois anos e meio.
Entre os adolescentes estudados, cinco desenvolveram esquizofrenia. O programa conseguiu prever a doença em 100% dos casos, superando a classificação das entrevistas clínicas. O resultado do estudo está disponível na área de periódicos parceiros da revista Nature.
Fraturas
A Enlitic, startup do Vale do Silício, desenvolveu um software para localizar traumas em radiografias. A ferramenta vem sendo testada por médicos na Austrália.
De acordo com a empresa, a tecnologia é capaz de detectar fraturas do tamanho de 0,01% do raio-X. Os locais das lesões são representados por meio de mapas de calor. O software também faz a leitura de tomografias computadorizadas de tórax para identificar possíveis cânceres de pulmão.