Após a alegria de descobrir a gravidez, a decisão de como o parto será realizado acaba virando um dilema para muitas mães e famílias. A tendência, atualmente, é que, cada vez mais, as cesarianas sejam realizadas apenas naquelas ocasiões em que não é possível fazer o parto normal. Um artigo publicado no periódico Medicina PLOS reforça esse caminho.
O estudo foi feito por pesquisadores de centros de saúde reprodutiva da Escócia, a partir da revisão de 30 mil artigos e pesquisas relacionadas ao tema. O levantamento chegou à conclusão que o parto cirúrgico aumenta o risco de aborto espontâneo ou placenta prévia em futuras gestações. Há também erros de cálculo que podem levar a uma prematuridade do bebê, que pode vir à luz antecipadamente.
Em comparação com os partos vaginais, as cesarianas também afetam a saúde da criança, pois aumentam o risco de asma até os 12 anos e de obesidade até os 5 anos. “A maturidade pulmonar vai se dar somente nas últimas semanas de gestação. Quando você programa uma cesariana, o risco de errar a idade gestacional e tirar a criança antes do tempo, levando ao sofrimento para respirar e a ações desnecessárias”, explica o médico de família e gerente de atenção à saúde da Seguros Unimed, José Carlos Prado Júnior.
Por outro lado, a revisão da literatura indica as cesarianas estão associadas a uma diminuição do risco para incontinência urinária e prolapso pélvico – popularmente conhecido como “bexiga caída”. Segundo o médico, a decisão mais segura é aquela compartilhada entre a gestante e o médico que a acompanha. “É muito importante que ela se aproprie de informação para que possa tomar essa decisão junto com o profissional”, pontua.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice de cesarianas deveria corresponder a aproximadamente 15% dos casos. No Brasil, o índice ultrapassa 50%. Além de trazer riscos para a saúde da parturiente e da criança, os custos do parto cirúrgico são mais elevados.
Segundo a Agency for Healthcare Research and Quality, o parto vaginal, sem complicações, custa cerca de US$ 3.400, enquanto o parto que sofre complicações pode alcançar a cifra de US$ 4.400. Ambos custam menos que a cesárea, que chega a U$ 5.700 quando não há complicações.
Segundo Dr. José Carlos, vale a pena investir em melhor remuneração de obstetras e incentivo do parto normal, quando puder ser realizado, o que tornaria a assistência mais barata e segura. “A prematuridade, um dos principais problemas da cesariana, é responsável por 24% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis”, destaca.