De todos os modismos nutricionais que surgiram nos últimos anos, talvez a dieta detox esteja entre os mais duradouros. Até hoje ela divide profissionais da saúde sobre sua eficácia e, entre os que a defendem, até mesmo sobre como aplicá-la na rotina do paciente.
A ideia principal da dieta é limpar o organismo, ajudando-o – especialmente fígado e rins – a eliminar as toxinas, gorduras, conservantes ingeridos e resíduos de medicamentos. Nela, adiciona-se ao cardápio alimentos como couve-flor, brócolis, couve, açafrão, chá verde, alho, limão, própolis, castanhas, peixes, alimentos probióticos e outros ricos em fibras e de ação antioxidante.
“Esse conceito tem recebido muitas críticas pela falta de evidências científicas e vem sendo apontado, pelas organizações de saúde, como uma indústria de marketing e de dinheiro”, diz a nutricionista Liane Buchman. Outro ponto polêmico é que, em alguns casos, defende-se a remoção de alimentos considerados por alguns como alergênicos, caso do glúten, leite e derivados.
Quando indicar e como seguir a dieta detox
Porém, desconsiderando a questão do apelo da indústria, assim como a eliminação de glúten e lactose, e voltando as atenções aos preceitos da dieta, o paciente pode obter benefícios ao adotá-la. Isso porque ela prioriza alimentos naturais e com pouco sódio, ampla ingestão de líquidos e remoção de corantes, industrializados, embutidos e bebidas alcoólicas.
“A dieta detox serve para ajudar a pessoa a refletir sobre seus hábitos. E, como tem um resultado rápido, ela fica mais motivada para fazer uma reeducação alimentar, ficando dentro do peso e saudável”, defende a nutróloga Liliane Oppermann, especializada em emagrecimento e obesidade.
Os profissionais que defendem a adoção da dieta indicam que a desintoxicação clássica pode ser feita a cada seis meses ou um ano – o profissional deve observar o caso do paciente. “Náusea, dor de cabeça, sono excessivo após o almoço, fadiga, distensão abdominal e obstipação intestinal podem ser sintomas de intoxicação. Nesses casos, a dieta detox é recomendada”, aponta Roberta Thawana, nutricionista clínica e funcional da clínica Karina Gilio.

No entanto, para Buchman, todo cuidado é pouco para não cair em radicalismos. “A retirada de certos alimentos para indivíduos que não são alérgicos ou intolerantes de fato, como lactose e glúten, pode trazer déficit de nutrientes como proteínas, cálcio, carboidratos, entre outros. O leite e seus derivados, por exemplo, são as maiores fontes de cálcio e a falta desse mineral pode causar prejuízos à saúde óssea, cardíaca e favorecer acúmulo de gordura corporal”, alerta.
Além disso, ela só deve ser feita com indicação e acompanhamento nutricional – e cabe ao profissional alertar seus pacientes em relação a isso. “Ele vai avaliar a dieta indicada e a suplementação necessária para que a pessoa tenha êxito, colha benefícios, não perca tempo e desperdice dinheiro investindo em alimentos ou substâncias que são desnecessárias”, conta Oppermann.
Cabe, ainda, ao profissional lembrar ao paciente que não adianta fazer desintoxicações periódicas, tampouco investir em produtos que prometem o detox, se não há mudança de hábitos efetivas.
Veja outras matérias semelhantes:


















