Um estudo dinamarquês publicado no The New England Journal of Medicine (NEJM) mostrou a relação entre o câncer de mama e o uso de contraceptivos hormonais para mulheres. Para alcançar esse resultado, o artigo utilizou um estudo de coorte envolvendo 1,8 milhão de mulheres, entre 15 e 49 anos, durante mais de 10 anos. De acordo com os dados coletados, os riscos de desenvolvimento do câncer de mama para as mulheres que atualmente utilizam, ou já utilizaram, contraceptivos hormonais é maior do que naquelas que nunca usaram esse medicamento.
No geral, o estudo demonstrou um aumento de 20% a 30% na relação nos casos de câncer de mama entre usuárias atuais e recentes de contraceptivos hormonais em relação às gerações anteriores. Esse crescimento no risco da doença foi percebido pelos estudiosos ao comparar os resultados obtidos com as informações de 17 artigos científicos que acompanharam a relação entre esses medicamentos e o desenvolvimento da doença na população nos últimos 55 anos.
A taxa encontrada na pesquisa atual foi de 13 para cada 100 mil pessoas por ano, o que equivale a aproximadamente um caso de câncer de mama para cada 7.690 mulheres que façam uso desse medicamento por pelo menos um ano.
Para as mulheres que começaram a utilizar o medicamento recentemente, o risco foi de 1,09 vezes maior em relação às mulheres que nunca utilizaram os anticoncepcionais hormonais. No entanto, com menos de um ano de uso, essa taxa aumentou para 1,38, podendo alcançar o índice de 1,51 após 10 anos. A margem de confiança da pesquisa é de 95%. A influência do uso dos contraceptivos hormonais no organismo das mulheres é tão presente que mesmo após a descontinuação do uso dessa medicação, o risco de desenvolver o câncer de mama ainda é considerado alto por pelo menos cinco anos quando comparado às mulheres que nunca usaram esse tipo de contraceptivo.

A pesquisa também envolveu o uso de contraceptivos orais combinados (estrogênio-progestina) e percebeu-se um índice de 1 a 1,6 para a doença. Já nas mulheres que usam o sistema intrauterino progestínico também houve um risco maior de câncer de mama, variando entre 1,11 e 1,33.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que 40 milhões de mulheres utilizem contraceptivos hormonais em todo o mundo e que 13% delas tenham entre 15 e 49 anos. Na Dinamarca, esse percentual aumentou de 24%, em 1995, para 39%, em 2012, sendo essa uma das motivações para a pesquisa, incentivada pela Agência de Proteção de Dados dinamarquesa e o Conselho Dinamarquês de Dados de Saúde.
O estudo de coorte, com base no banco de dados fornecidos pelo Danish Sex Hormone Register Study, acompanhou 1,8 milhão de mulheres anualmente durante 10,9 anos. Nesse período, ocorreram 1.517 casos de câncer de mama. A partir daí, os pesquisadores perceberam que os riscos de desenvolver a doença aumentam ao longo do tempo de uso, quando comparadas às mulheres que nunca utilizaram o contraceptivo hormonal.
Com esses resultados, os pesquisadores querem somar esforços para detalhar a forma como os tratamentos hormonais, combinados ou não, podem influenciar no surgimento do câncer de mama, além de demonstrar como a interrupção do uso dessa medicação pode colaborar para a diminuição dos riscos de surgimento da doença. A pesquisa representa apenas uma pequena amostra de 1,8 milhão de pessoas na Dinamarca, e os dados podem variar em outras regiões ou países por influência de diversos fatores além dos contraceptivos hormonais. Por isso, muito ainda precisa ser descoberto e debatido na comunidade científica sobre esse assunto.
Para ler o artigo completo, acesse www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1700732


















