A grande vocação do profissional da saúde é cuidar de pessoas. Contudo, diante de uma rotina de trabalho atribulada, esse cuidado não se estende à vida pessoal na maioria das vezes. Nesse caso, ter uma vida financeira equilibrada é um grande trunfo para conquistar mais qualidade de vida. “Ao planejar o orçamento pessoal, o profissional da saúde terá mais controle sobre sua vida, pois terá menos preocupação sobre seus ombros”, afirma Cláudio Tosta, professor da IBE-FGV no MBA em Executivo em Saúde. Para o especialista, com as finanças na palma da mão, pode até ser possível deixar de fazer tantos plantões para cobrir os gastos, deixando um tempo para lazer, prática de exercícios físicos e aproveitar a presença de quem se ama.
Além disso, com o controle financeiro em dia, também é possível pensar em dar passos maiores, como planejar a aposentadoria ou abrir o próprio consultório. “O orçamento pessoal equilibrado é fundamental para o sucesso do empreendimento. Não é raro vermos negócios com problemas financeiros originados de retiradas feitas pelos sócios para arcar com suas despesas pessoais e imprevistos”, alerta Karoline Roma, planejadora financeira CFP, certificada pelo Instituto Brasileiro de Certificação dos Profissionais Financeiros (IBCPF).
Entretanto, como ter um planejamento financeiro eficiente enfrentando uma rotina tão desgastante?
O método 50/30/20
Um dos métodos mais práticos para organizar as finanças pessoais é o 50/30/20. Trata-se de uma fórmula simples, que ajuda a distribuir a renda de maneira sistemática, sem deixar lacunas para falta de planejamento, desorganização e consumismo. Nele, divide-se a renda líquida (valor que sobra depois da cobrança de impostos e demais descontos) em três partes:
Gastos essenciais (50%): representam todas as despesas fixas que precisam ser arcadas mensalmente. Entram nesta categoria gastos com alimentação, moradia, saúde, transporte, telefone, internet e outros considerados fundamentais para a manutenção do padrão de vida.
Gastos supérfluos (30%): contêm despesas que podem variar de mês a mês, como lazer, vestuário, jantares, serviços, hobbies etc. Apesar do nome indicar que sejam dispensáveis, esses gastos são muito importantes para manter qualidade de vida – especialmente para o profissional de saúde, que carece tanto de válvulas de escape.
Investimentos (20%): parcela destinada ao planejamento do futuro. Pode ser usada para construir uma reserva de emergência, um fundo para aposentadoria e até mesmo para realizar sonhos, como comprar a casa própria. Também é aqui que entra a reserva de recursos necessária para empreender.
Para colocar o método em prática, o primeiro passo é saber exatamente sua renda líquida. “É muito comum, no caso dos profissionais da área da saúde, não saberem o total dos seus ganhos, visto o volume de clientes que atendem e as mais diversas formas de recebimento”, alerta Roma. Por isso, pelo menos durante um mês, é importante registrar todos os rendimentos e despesas – esses dados serão a base do planejamento financeiro.
Caso os gastos transbordem o percentual estabelecido, será necessário fazer cortes. Por exemplo, se os itens essenciais ultrapassarem os 50%, pode ser necessário diminuir a compra do supermercado ou trocar de apartamento para pagar um aluguel mais barato. “Além de prever essa disciplina de poupança e prioridade nos investimentos, o método permite ter liberdade para usufruir o que nos proporciona prazer e alcançar sonhos e objetivos, assim como manter o orçamento flexível para, em um imprevisto, ajustar esses itens dentro do próprio orçamento sem precisar se endividar”, finaliza Roma.