Lançados em setembro de 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) refletem os novos desafios dos países em crescer sem deixar nenhum cidadão para trás.
Ao todo, são 17 ODSs e, entre eles, estão erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; igualdade de gênero; trabalho decente e crescimento econômico; indústria, inovação e infraestrutura; consumo e produção responsáveis; e paz, justiça e instituições eficazes.
Por essência, o cooperativismo está ligado a esses e outros objetivos. “A sustentabilidade, em especial quando analisada por seu tripé principal – social, econômico e ambiental – é intrínseca à empresa cooperativa. Afinal, o cooperativismo vem como uma alternativa econômica para seus sócios sem deixar de lado o social, principalmente em função do sétimo princípio, que é o interesse pela comunidade e preocupação com o desenvolvimento sustentável”, diz Geane Ferreira, gerente de desenvolvimento social do Sescoop.
No entanto, a relação do cooperativismo e do desenvolvimento sustentável vai além do sétimo princípio. Para Alessandro Chaves, professor do Programa de Especialização em Desenvolvimento de Agentes em Cooperativas da Faculdade Unimed, a livre adesão, gestão democrática e o investimento em educação também estão relacionados ao desenvolvimento sustentável.
“O conceito de sustentabilidade, que é relativamente novo, é muito aderente aos princípios e à forma de trabalhar das cooperativas, no sentido do compromisso que elas têm com seus associados e com as comunidades que elas atuam. Então, as comunidades estão na gênese do cooperativismo”, afirma.
Cooperativismo por um mundo melhor
O sistema pode colaborar grandemente com pautas de interesse global, como combate à pobreza e fome. Neste último caso, por exemplo, vale ressaltar que o cooperativismo trabalha fortemente no setor de produção alimentícia no mundo inteiro, com ênfase no desenvolvimento de seus associados e das comunidades.
“A gente sabe que países onde o cooperativismo é forte o nível de desenvolvimento é maior, então, ele se apresenta como um indicador de melhoria do capital social dos territórios. Com isso, pode ser, sim, um grande parceiro para o combate à fome e à pobreza, e também colaborar com os demais objetivos do desenvolvimento sustentável”, defende Chaves.
As cooperativas podem, por exemplo, desenvolver projetos específicos ou agregar ações de acordo com seu negócio. Porém, para Ferreira, a mera existência do sistema cooperativista já colabora com a Agenda da ONU para o desenvolvimento sustentável.
“A própria ONU já reconheceu a importância do cooperativismo, em especial como um modelo econômico para o futuro. Elegeram 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo que construímos um mundo melhor, mais igualitário”, conta Ferreira.
Por exemplo, existe o Dia C – Dia de Cooperar, data que marca o compromisso das cooperativas brasileiras na busca por um mundo mais justo e principal projeto de estímulo das cooperativas aos ODSs.
Segundo dados do Sescoop, em 2017, foram 2.070.801 beneficiados pelo projeto – um crescimento de 74,63% em relação a 2016. Em 2009, apenas 139 cooperativas participaram. Em 2017, a aderência saltou para 1.563. Os números mostram a constante preocupação e abrangência das atividades cooperativistas em prol de um mundo mais igualitário.
“É fundamental que as cooperativas compreendam os ODSs, que são objetivos pactuados no mundo inteiro. As cooperativas são as instituições privadas com maior possibilidade de contribuir para o atingimento dos ODSs”, finaliza Chaves.