Quem é responsável pelo gerenciamento de uma clínica ou consultório sabe bem como a inadimplência dos pacientes pode prejudicar o fluxo de caixa. Porém, mesmo com a lenta recuperação econômica do Brasil, 63,6 milhões de consumidores – 42% da população adulta do País – tiveram o CPF restrito no último semestre devido ao atraso no pagamento de contas.
Os dados, do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostram que, em junho, houve um aumento de 4,07% de contas em atraso em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento foi realizado por meio dos bancos de dados das entidades em todas as 27 capitais.
“Antes de tudo, uma clínica ou consultório é uma empresa e a alta taxa de inadimplência comprometerá o fluxo financeiro de forma preocupante. Por exemplo, se o seu faturamento é de R$ 100 mil por mês e a sua taxa de inadimplência é de 1%, ou seja, R$ 1 mil, você consegue renegociar e até mesmo postergar alguma conta. Agora, se essa taxa aumenta para 10%, o valor pode começar a influenciar no pagamento de fornecedores e funcionários”, comenta o professor de gestão financeira e contabilidade da IBE Conveniada FGV, Cleber Zanetti.
Crie estratégias para manter seus pacientes e não prejudicar o orçamento
Ninguém está livre de passar por problemas financeiros – e a situação se agrava em tempos de crise econômica. Para que a falta de pagamento não afete o caixa da sua clínica, é fundamental traçar um plano e acompanhar as finanças de perto. Periodicamente, cheque a situação de seus pacientes e negocie a forma de pagamento.
“O que se tem feito nos consultórios particulares é receber pagamentos em forma de cartão de crédito ou cartão de débito. Isso tem aumentado muito nessa área por ser uma maneira mais rápida e cômoda para o paciente e para se ter uma garantia maior de recebimento do que é devido”, pontua Zanetti.
Gestão é a palavra-chave para o seu orçamento
Para que a falta de pagamento dos pacientes não impacte o seu orçamento, é preciso fazer um bom plano de gestão e tentar, ao máximo, antever um cenário de baixa no caixa da clínica. Essa preparação inicia-se no momento em que não há inadimplência e você esteja com uma boa rentabilidade.
Durante esse período, faça uma reserva financeira voltada para os possíveis casos de não pagamento no futuro. Assim, caso isso ocorra, você poderá utilizar essa reserva para cobrir os gastos e evitará o desfalque na empresa. Por outro lado, se o profissional da saúde não tiver se preparado, será preciso fazer um trabalho de gestão mais eficiente para adequar as despesas ao novo cenário.
“Ao falar sobre planejamento e gerenciamento de empresas prestadoras de serviço, em especial na área de saúde, é importante frisar que a gestão é a eficiência do negócio. Para que a inadimplência não te prejudique, a dica é adequar as despesas às receitas recebidas. Ou, ainda, criar uma segmentação de mercado que te permita mais rentabilidade em determinado espaço de tempo”, conclui o professor de economia da IBE Conveniada FGV, Alcidiney Sentallin.

















