O momento de receitar uma medicação ao paciente exige atenção – especialmente porque, antes de chegar a este ponto, médico e paciente precisam ter percorrido um caminho significativo durante a consulta.
Essa jornada começa na anamnese. “Ela é fundamental para comprovar ou reforçar a hipótese diagnóstica e conduzir o tratamento adequado. Como diz o antigo ditado na medicina, atualmente não tão observado, ‘a clínica é soberana’”, afirma Roberto Debski, médico especialista em Homeopatia e Acupuntura pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Essa fase da consulta pede plena atenção à comunicação verbal e não verbal do paciente. “A partir daí pode-se especificar os objetivos terapêuticos e fazer um levantamento dos grupos eficazes de medicamentos, que devem ser escolhidos de acordo com os critérios de eficácia, segurança, conveniência e custo, assim como peso, idade e outras individualidades do paciente”, completa Antonio Nogueira, chefe do Pronto Atendimento de Clínica Médica do Hospital Nipo-Brasileiro.
Exames diagnósticos
Em alguns casos, apenas a observação clínica não é suficiente para confirmar um diagnóstico, ou ainda há dúvidas sobre ele. Aqui entram os exames auxiliares de diagnósticos e terapêutica.
“Eles também podem ser necessários quando, apesar de um diagnóstico evidente, é preciso saber a função renal ou hepática do paciente para usar determinadas medicações”, diz Nogueira.
De acordo com Debski, os exames podem ser solicitados tranquilamente quando o quadro clínico permite este período de latência e pode-se aguardar os resultados.
Interações medicamentosas
Elas são um dos motivos pelos quais o médico deve ouvir com atenção os medicamentos que o paciente já ingere. Além de poder anular uma ou ambas as medicações ingeridas, elas também podem trazer complicações, agravar o quadro e até mesmo piorar o prognóstico dos tratamentos.
“É muito comum recebermos idosos em uso de até 10 medicações, o que volta a atenção para o que chamamos de reconciliação de medicamentos na internação destes pacientes”, comenta Nogueira.
Ele afirma que as interações mais frequentes e seus efeitos devem ser explicados aos pacientes – ou pelo menos as mais perigosas e comuns. “Elas se tornaram responsáveis por internações a aumentos de gastos com a saúde.”
Além dos remédios alopáticos, também é preciso atentar-se aos fitoterápicos ingeridos por seus pacientes, visto que eles podem apresentar interações tanto com remédios tradicionais quanto com outros fitoterápicos. Um exemplo é a Garcinia Cambogia, fitoterápico comumente usado para emagrecimento, mas que pode ser tóxica para alguns pacientes que já ingerem medicamentos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).
“Muitos fitoterápicos são metabolizados no fígado, da mesma forma que medicamentos habituais, podendo levar a uma série de complicações. Vale a pena frisar que nenhum medicamento é isento de riscos”, alerta Nogueira.
“O médico deve se informar de todos medicamentos, naturais ou não, que seu paciente utiliza no dia a dia”, reforça Debski.

Orientando o paciente
Boa comunicação é fundamental: ela diminuirá drasticamente a possibilidade de o paciente cometer erros ao ingerir as medicações, além de prevenir a baixa adesão ao tratamento.
É preciso explicar o efeito esperado do medicamento, os possíveis efeitos colaterais, possíveis interações medicamentosas, instruções sobre o uso e o que fazer em caso de esquecimento.
“Depois, solicite que o paciente repita suas orientações, para confirmar que ele entendeu exatamente como deve fazer uso da medicação”, recomenda Debski.
Em seguida, forneça a receita. De acordo com Nogueira, existem alguns itens que denotam boas práticas de prescrição médica para que o paciente e o farmacêutico compreendam adequadamente o teor:
- A receita deve estar identificada;
- escrita de forma legível, clara e racional;
- deve conter a identificação do médico;
- data;
- identificação do paciente;
- denominação comum brasileira (DCB) da medicação;
- forma farmacêutica;
- miligramagem;
- quantidade total;
- instruções para o uso e necessidade de retorno do paciente;
- de preferência, não deve conter abreviações.
Caso o paciente tenha dúvida, ele pode retornar ao seu consultório. “Quando isso acontecer, ele pode e deve entrar em contato com seu médico para ser novamente orientado, ou com um serviço de saúde que disponha de profissionais que possam orientar adequadamente o que deve ser feito”, completa Debski.
Por exemplo, os segurados da Seguros Unimed podem contar com o Núcleo de Assistência Farmacêutica, disponível para que pacientes crônicos tirem suas dúvidas em relação aos tratamentos medicamentosos.


















