O dólar se mantém acima dos R$ 5 há quase um ano, desde o início da pandemia da Covid-19 – a cotação chegou a R$ 5,90 em maio de 2020. Entre os motivos estão o avanço do novo coronavírus, as tensões políticas, a taxa de juros no menor patamar histórico, o risco fiscal e a falta de reformas no Brasil. Diante desse cenário e as constantes variações do câmbio, a conta da importação ficou mais cara e é necessário buscar formas de proteção contra as variações monetárias.
O que é o contrato de câmbio?
É o documento que formaliza a compra e venda de moedas estrangeiras para adquirir e vender algum produto ou serviço no exterior em uma data futura. No contrato firmado entre vendedor e comprador deve constar o tipo e quantidade de moeda (dólar, euro, libra, iene, etc), instituição financeira que está realizando a operação, taxa de câmbio, equivalência em reais, forma de entrega, entre outras condições.
Os contratos cambiais só podem ser emitidos por bancos, corretoras e instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central, que disponibiliza a lista de entidades em seu site -clique aqui para consultar.
De acordo com Aírton Júnior, membro do conselho de administração da Associação Brasileira de Câmbio (ABRACAM), as corretoras de câmbio podem oferecer um atendimento mais ágil, personalizado e com taxas mais interessantes aos gestores de clínicas que importam insumos.
“Com certeza devem ser consideradas como novas opções para empresas que não tenham um volume grande de contratação, e que talvez não encontrem um atendimento de qualidade em seu banco de relacionamento”, destaca.
Bruna Graziella, gerente de câmbio da Atrio Investimentos, explica que para iniciar a negociação é necessário realizar o cadastro no banco ou corretora autorizada e a habilitação para operações de câmbio. “Com o registro habilitado, o cliente precisa apresentar os documentos comprobatórios da operação de acordo com a natureza cambial a ser fechada, negociar uma taxa de câmbio e assim fechar o contrato junto à instituição”, diz.
As taxas e demais encargos são livremente negociados com a entidade que emite o contrato de câmbio. “É importante destacar que em algumas naturezas cambiais podem ter incidência de Imposto de Renda ou IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). As alíquotas variam conforme o tipo da operação”, afirma Graziella.
Como driblar a alta do dólar com os contratos de câmbio?
Todas as empresas brasileiras, incluindo as clínicas e consultórios que precisam importar insumos e produtos, devem formalizar a operação com o contrato de câmbio. “A grande vantagem é assegurar eventuais perdas monetárias decorrentes da variação cambial abrupta”, diz Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
Por se tratar de um mercado muito sensível às movimentações políticas e econômicas, o câmbio pode trazer mudanças que nem mesmo os economistas conseguem prever. Por isso, as oscilações podem transformar um bom negócio em prejuízo do dia para a noite.
“Nos contratos entre empresas que preveem pagamentos futuros em moeda estrangeira sempre há esse risco adicional para o gestor brasileiro. No entanto, uma ferramenta utilizada para mitigar essa perda é o hedge cambial, que é a negociação da compra ou venda de moeda estrangeira junto à instituição autorizada com entrega em data futura”, aponta Júnior.
Para exemplificar, imagine a compra de insumos no valor de 50 mil dólares considerando a taxa de câmbio atual, mas com pagamento e entrega agendados para daqui dois meses. Se nesse período o dólar aumentar ou desvalorizar, o importador vai pagar o preço estimado previamente.
“Desta forma, o gestor faz seu estudo de viabilidade sem o risco de oscilações, garantindo a eficácia do negócio. Claro que a taxa será um pouco acima da negociada no dia, porém sem risco futuro de grandes variações. A modalidade mais utilizada pelos importadores brasileiros para fazer o hedge cambial é o NDF (Non-Deliverable Forward)”, concluí Júnior.