Como entender (e praticar), em termos de liderança, esse direito, que é também poder de se fazer obedecer e, muito mais que isso, de decidir. Todavia – em se tratando de autoridade – não podemos limitar-nos somente a esse direito estabelecido pelo significado usual da palavra. Há um outro sentido, quiçá tão forte quanto, que é aquele da autoridade reconhecida pela competência ou pelo conhecimento em áreas específicas do saber. É comum que convidemos pessoas de reconhecido e notório saber para palestras ou participação em mesas. As suas autoridades foram adquiridas pelo estudo profundo persistente da matéria, sobre a qual dedicaram parcela de suas vidas. Esse poder reconhecido e credibilizado pelo tempo, lhes garante legitimidade na defesa de seus conceitos, argumentos e teses. Na época atual – para exemplificar em contexto de pandemia – os infectologistas, os cientistas, os pesquisadores dedicados ao reconhecimento do vírus SARS-CoV-2 e da produção de seu antídoto (vacinas), representam o poder das autoridades que queremos escutar.
A autoridade pode ser legal (quando assumida por eleições democráticas) ou carismática (mesmo sem o poder legal, tem-na no perfil adquirido pela atração pessoal). Próximo ao termo, encontramos sua antítese, o autoritarismo. Neste, o poder não é mais exercido de forma coerente e participativa, mas sim caracterizado pela obediência inquestionável, absoluta e cega, que não permite possibilidades de oposição ou opiniões contrárias. Nos governos autoritários, o poder fica concentrado em mãos de uma ou de reduzido número de pessoas. A ideologia e o interesse pessoal predominam sobre o racional.
Expostos esses conceitos preliminares, de forma rápida – como convém ao espaço – passemos a área administrativa de nossas cooperativas e empresas coligadas. Aí – como já expus claramente em meu livro Liderança Duradoura – caracterizo os gestores (Presidente, Diretor, Superintendente ou Gerente) em qualquer nível de mando, como líderes ou como chefes. A liderança pressupõe autoridade. Sem essa condição indispensável ao líder, não será possível manter a ordem e a produtividade do negócio. É fundamental, contudo, distingui-la do chefe que exige obediência incontestável. Ser líder é diferente de ser chefe. Ser líder está mais relacionado à postura adotada em relação à equipe do que ao cargo exercido.
O líder, sem deixar de exercer sua autoridade, estabelece parceria com os colaboradores, que auxiliam em sua tarefa de manter o grupo motivado e comprometido. A cobrança dos resultados fica muito mais participativa.
Não preciso discorrer demais sobre o tema. Os leitores conhecem na prática essa diferença. Ela está em seus entornos. Basta olhar à sua volta que irão reconhecer e diferenciar, em seu ambiente de trabalho, os verdadeiros líderes dos chefetes. Ambos são obedecidos de forma diversa. Um pelo poder da hierarquia, ou pelo medo do seu subordinado de perder o emprego. O outro, pelo respeito e consideração. O chefe pode ser obedecido, mas é odiado. O líder é obedecido porque é admirado.