O primeiro contato é crucial para estabelecer uma boa relação médico-paciente. É neste momento que o profissional mostrará que é confiável e que pode ajudar aquela pessoa a cuidar de sua saúde. “Essa é uma chance única de causar boa impressão e cabe a quem está atendendo proporcionar um momento de encantamento”, diz Ruy Barros, consultor do Sebrae-SP. A seguir, veja as atitudes que todo profissional da saúde deve tomar para conquistar a tão sonhada primeira impressão positiva.
Seja pontual na consulta
“Isso mostra respeito e interesse ao paciente, gerando fidelidade. E o cliente fiel sempre retorna”, afirma Barros. É natural que haja atrasos – talvez você precise dedicar mais tempo a um paciente ou tenha ficado preso em outro consultório. Para diminuir o risco de que isso aconteça, mantenha sua agenda o mais organizada possível. Caso o atraso seja inevitável, procure avisar o paciente com antecedência.
Estabeleça uma relação
A relação médico-paciente é um dos bens mais preciosos que podem ser cultivados pelo profissional – e ela começa a ser construída desde antes do paciente entrar em seu consultório. Quando o primeiro contato acontece, é importante criar um ambiente de confiança. Para isso, existem algumas estratégias simples, como se levantar da cadeira para receber o paciente, olhar em seus olhos, perguntar seu nome e pedir para que ele se sente.
“São duas pessoas que até então não se conhecem. É então no primeiro contato que o médico deve vencer essa barreira inicial e já estabelecer uma relação aberta”, ensina Reinaldo Ayer, docente do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e coordenador do Centro de Bioética do CREMESP.
Não comece a conversa falando sobre a doença
Ir direto ao ponto é a estratégia de alguns profissionais para poupar tempo, afinal, a agenda apertada pede isso. Entretanto, para Ayer, esse é um dos maiores erros que se pode cometer em um primeiro encontro com o paciente. Introduza o diálogo com assuntos relacionados a quem ele é, e não que estejam diretamente ligados à consulta. Isso será fundamental para “quebrar o gelo” e aproximar a relação. “O médico muitas vezes é o portador de notícias difíceis. Por isso, se colocar no lugar do outro e tentar ver qual a melhor forma de falar é um diferencial competitivo”, afirma Barros.
Observe o histórico do paciente com atenção
Na ânsia de tratar a doença, muitas vezes o profissional da saúde deixa passar dados relacionados ao passado daquele paciente – e que, sim, podem ser muito importantes para entender a doença atual. “É muito importante deixá-lo à vontade para falar sobre seu histórico, principalmente o posológico e de relações familiares, pois é nessa narrativa que se pode obter a chave para o diagnóstico”, reitera Ayer.
Adote um tempo de consulta razoável
Tomar todos estes cuidados requer tempo. O ideal é que o encontro dure de 20 a 30 minutos.
Respeite a autonomia do paciente
A medicina paternalista – quando o profissional interfere sobre a vontade do paciente e não considera a sua participação efetiva – vem perdendo cada vez mais espaço para uma prática que visa a autonomia do paciente, tornando essa relação mais simétrica. Hoje, é sabido que a altivez dentro do consultório pode causar prejuízos para quem está ali buscando ajuda do profissional.
Examinar sua própria personalidade e conduta não é fácil, mas pode garantir uma relação médico-paciente mais transparente e sólida. “A postura de ‘sabe-tudo’ cria muitas barreiras. É preferível seguir a benevolência, que é o pressuposto básico da medicina e deve estar presente no caráter dos profissionais. Com isso, ele superará quaisquer dificuldades iniciais”, aconselha Ayer.
Tenha certeza de que o paciente compreendeu tudo
É crucial que ele entenda o que está acontecendo em seu corpo. Por isso, antes de finalizar a consulta, vale fazer uma pergunta muito simples: “o(a) senhor(a) entendeu o que está acontecendo?”. “Às vezes o médico dispara a falar sobre a doença, mas é seu dever esclarecer e respeitar o tempo do paciente para absorver as informações que recebeu”, afirma Ayer.



















