Os gastos com saúde estão crescendo mais rápido em relação aos demais da economia, em todo o mundo, e já representam 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o gasto total em saúde representa 8% do PIB, sendo que 55% dos gastos são privados. A curva de investimentos na saúde não significa, necessariamente, pessoas mais saudáveis. Por isso, tem ganhado cada vez mais espaço a discussão, como alternativa de eficiência, sobre a oferta de serviços baseados em fee-for-value. Em outros países, exemplos de sucesso na implementação desse modelo endossam tal pauta.
O debate ocorre direcionado para a substituição do modelo de remuneração baseado no pagamento por serviço executado, que prevalece nos hospitais brasileiros, para o pagamento por performance. Dessa forma, parte do pagamento passa a conectar-se com a qualidade do atendimento prestado ao paciente. A meta, com isso, é compatibilizar os custos despedidos com a satisfação do paciente com o resultado final, assim, transferindo o valor agregado da complexidade do procedimento realizado para a qualidade do cuidado.
A Intermountain Healthcare, um sistema de hospitais e médicos de Salt Lake City, nos Estados Unidos, reduziu, em 2016, os custos do atendimento total nos hospitais e, com isso, alcançou uma economia de 700 bilhões de dólares. Para isso, apostou em atenção médica domiciliar, quando apropriada, direcionamento dos casos complexos para clínicas especializadas, identificação de pacientes de alto risco por meio de análise de dados médicos para alinhamento de estratégias que os mantenham fora do hospital, além da introdução de cuidados de saúde comportamentais nos planos de atenção primária.
Nos Estados Unidos, em 2017, 34% do total de pagamentos da saúde estavam vinculados a fee-for-value, um aumento de 23% em relação aos dois anos anteriores. O fee-for-value, também, foi adotado em ampla escala na Europa, em locais como Alemanha, Reino Unido, Holanda e Suécia. No Reino Unido, a saúde baseada em valor já é uma realidade no National Health Service (NHS). Lá, por exemplo, foram instalados sistemas de monitoramento acústico para acompanhamento do sono dos pacientes, desse modo, facilitando a identificação de quando são necessários os cuidados noturnos. Isso ajudou a reduzir o número de quedas e outros distúrbios desnecessários.
Entre os motivos para a ascensão desse modelo em relação aos outros, é que, com ele, espera-se melhores resultados na saúde do paciente a custos mais baixos, um controle mais rígido dos custos extraordinários, um aumento da eficiência operacional com aos fornecedores e melhores receitas para fabricantes de dispositivos e médicos.

















