Um profissional completo não é formado apenas por competências técnicas. Cada vez mais, o mercado de trabalho – incluindo a área da saúde – valoriza as chamadas soft skills.
“Chamamos assim o conjunto de características comportamentais do profissional, que envolvem aptidões mentais, emocionais e sociais e são ligadas à forma de se relacionar com as pessoas no ambiente de trabalho”, resume o CEO da empresa de recrutamento Mappit, Rodrigo Vianna.
A importância das soft skills cresceu de tal forma que a pesquisa Global Talent Trends 2019, feita pelo LinkedIn, elencou-as entre as grandes tendências deste ano no mercado de trabalho. Um dos principais motivos é o crescente uso de Inteligência Artificial (IA) e automação de processos, que coloca em xeque funções que dependem meramente de competências técnicas (chamadas de hard skills).
“Antigamente, bastava um profissional se formar em uma área, como Medicina ou Fisioterapia, que haveria uma demanda grande. Hoje, os fatores listados, junto à concorrência e maior número de formandos, fazem com que os profissionais precisem das soft skills para se diferenciar no mercado e evitar que sejam substituídos pela IA”, afirma o professor de Estratégia, Negociação e Desenvolvimento de Carreira na IBE Conveniada FGV, Eduardo Refkalefsky.
Por isso, o LinkedIn afirmou no relatório que essas são habilidades que as máquinas não podem substituir.
Por que as soft skills são importantes para os profissionais da saúde?
Talvez você já esteja familiarizado com algumas soft skills que, na área da saúde, marcam presença durante o atendimento humanizado – por exemplo, empatia e boa comunicação. “O paciente não tem conhecimento técnico para entender o que está passando e precisa confiar totalmente no médico. Essa relação de confiança precisa ser estabelecida desde o início e isso só se consegue quando o profissional tem habilidades comportamentais que facilitam este processo”, comenta Vianna.
No relatório, o LinkedIn usou dados da própria plataforma para elencar cinco soft skills em alta:
- Criatividade;
- Persuasão;
- Colaboração;
- Adaptabilidade;
- Gestão de tempo.
Os dados comportamentais da plataforma mostraram que, desta lista, a criatividade é a habilidade mais em falta no mercado de trabalho. “Trata-se da busca de soluções inovadoras para um problema, o que é algo bem mais amplo do que a visão de criatividade artística e cultural”, aponta Refkalefsky.
Já a persuasão diz respeito à capacidade de influenciar os outros – habilidade que, junto à colaboração, é fundamental para trabalhar de maneira colaborativa. “O profissional de saúde precisa interagir com grupos muito diferentes, tanto especialistas da área como leigos no assunto (no caso dos pacientes). Este setor é o que tem maior número de especialidades, por isso, é preciso saber interagir e trabalhar em equipes multidisciplinares”, completa.
A adaptabilidade mostra a capacidade de mudar para sobreviver. É preciso se adaptar às tecnologias, novas formas de trabalho e atendimento – e as novidades no setor da saúde não param de borbulhar.
Por fim, a gestão de tempo, um grande diferencial em uma rotina com muito trabalho para pouco tempo – sem falar nas distrações do mundo moderno, como as notificações de redes sociais.
No caso dos profissionais de saúde, a união da excelência em competências técnicas e soft skills é ainda mais vital. Por isso, é preciso estar atento a este conjunto de habilidades.
“Qualquer profissional precisa se reinventar e tentar oferecer novas soluções para clientes ou pacientes, ter flexibilidade para se adaptar a diferentes situações na rotina de trabalho e gerenciar bem o seu tempo. O profissional de saúde, por lidar com pessoas, deve estar muito atento às soft skills e procurar formas de melhorar seu relacionamento com seus pares e com pacientes”, finaliza Vianna.