Para muitos profissionais da saúde, a rotina intensa de plantões faz parte do cotidiano. Não dar atenção ao pedido de descanso do corpo, entretanto, pode ter consequências prejudiciais não só à saúde, atuação e vida pessoal do profissional, mas também à segurança dos próprios pacientes. Por isso, o intervalo entre os plantões prestados para diferentes instituições deve ser visto com prioridade.
“Para cuidar de outra pessoa, é importante que o profissional esteja se sentindo bem. É fundamental, portanto, que a pessoa possa se recuperar antes de dar início a outra atividade”, explica Alexandrina Meleiro, membro da Comissão de Atenção à Saúde Mental do Médico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A rotina intensa de plantões pode trazer uma série de prejuízos à saúde do profissional. “As consequências podem se traduzir tanto do ponto de vista mental, quanto físico, agravando, por exemplo, quadros preexistentes”, afirma Rodrigo Leite, coordenador dos Ambulatórios do IPq – Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
Para o corpo, a exaustão, fadiga, distúrbios gastrointestinais, alterações de sono, pressão arterial elevada e colesterol alterado estão entre as possíveis perdas em saúde. Em relação ao estado psicológico, o humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, negativismo, ceticismo e desinteresse são algumas das consequências comprovadas do excesso de trabalho.
Além do risco físico, é preciso considerar também os desgastes da própria atuação profissional, que exige cuidado e atenção aos detalhes. “Jornadas longas de trabalho não se sustentam no longo prazo. O profissional vai perdendo produtividade e, na área da saúde, é fundamental cuidar da segurança daqueles que estão sob seus cuidados”, defende Leite.
Não há uma regra indicando o prazo mínimo a ser cumprido entre um plantão e outro, explica Mauricio Marcondes Ribas, corregedor-geral do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Nesse sentido, vale respeitar o próprio corpo e saber entender seus “recados”: ao sentir sinais de esgotamento, físico ou mental, portanto, pode ser hora de reavaliar a rotina de trabalho. “É preciso conhecer os seus limites para não prejudicar a sua saúde ou dos seus pacientes. Como qualquer outro profissional, o médico não deve ir além do que pode suportar”.
Intervalo também para se dedicar a outras atividades
Um bom “termômetro” para saber se está na hora de colocar o pé no freio no ritmo plantões é observar o tempo dedicado às outras áreas da sua vida. “É fundamental que o profissional consiga tempo para se dedicar, com qualidade, a passar tempo com a família, praticar esportes e ter momentos de lazer, por exemplo”, defende Ribas.
Da mesma forma, Alexandrina coloca que, para além de um cotidiano exaustivo de trabalho, ter tempo para planejar a carreira também é importante para garantir sucesso e satisfação profissional. “Hoje, o mundo do trabalho exige cada vez mais do profissional. Por isso, é importante encontrar espaço no rotina para iniciativas de formação, como cursos e especializações. Planejar os próximos passos também é essencial para fazer melhores escolhas na carreira”.