O estresse é uma constante na vida de profissionais de saúde, especialmente entre aqueles que cuidam de atendimentos de urgência e emergência ou atuam em procedimentos que ofereçam risco à saúde do paciente, como cirurgias.
Em momentos onde o quadro se agrava, mais do que nunca é importante que o profissional enxergue a situação além do estresse, pois ele compromete aspectos cognitivos relacionados à atenção, concentração, memória etc.
“A administração do estresse ocupacional entre profissionais que atuam em situação de emergência é uma necessidade preeminente, pois ela exige capacidade para lidar com o inesperado. Os profissionais se deparam com cenários que exigem condutas rápidas e, em alguns momentos, demandam ações simultâneas sem prévio planejamento”, diz Glaucia Guerra, Coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo.
Na prática, isso pode ser difícil porque, em situações de estresse agudo, desencadeia-se o mecanismo fisiológico de fuga e luta, onde há grande descarga de adrenalina. “Esse quadro na totalidade não favorece minimamente a reflexão, o pensamento e a tomada de decisões racionais necessárias para lidar com a situação de emergência”, alerta Roberto Debski, médico integrante do Núcleo Viver Bem (Atenção Primária à Saúde e Medicina Preventiva Unimed Santos) e do ANDE (grupo de apoio para pessoas com Ansiedade, Depressão e Estresse da Unimed), psicólogo e trainer em Programação Neurolinguística.
Administrando previamente
No momento em que surge uma situação de grande tensão, é preciso atenuar a ação do mecanismo da luta ou fuga. Um bom método para isso é, no ato, adotar a respiração diafragmática ou abdominal. Por ter o poder de modular o sistema nervoso autônomo, ela diminui os sintomas do estresse agudo, possibilitando uma resposta mais consciente às solicitações de uma complicação médica.
Não entrar em um quadro de estresse agudo também exige outras atitudes pragmáticas. “Seguir procedimentos e protocolos, cercar-se de pessoas que também pensem e ajam da mesma maneira, manter o foco e a atenção na solução, e não exclusivamente no problema, são maneiras de se resguardar”, ensina Debski.
Os demais cuidados dizem respeito à preparação psicológica e técnica do profissional no dia a dia, para que se desenvolva resiliência.
“No cenário de atuação em emergência, reconhecer previamente os fatores que podem ser identificados como estressores e suas repercussões pode favorecer a busca por soluções visando amenizá-los e enfrentá-los, prevenindo danos à sua saúde e garantindo uma boa assistência aos pacientes”, explica Guerra.
Ela alerta, no entanto, que é difícil administrar as emoções no ato do atendimento sem a identificação prévia dos fatores estressores. “Para tanto, é preciso primeiro aprender a conhecer as emoções, saber identificar o momento em que elas vão surgir e o que cada uma delas pode representar”, completa.
Preparar-se tecnicamente para o atendimento da melhor maneira possível também aumenta a sensação de controle sobre a situação, diminuindo o estresse.
“Todos podem desenvolver a resiliência e o equilíbrio emocional, basta perceberem que a forma como têm lidado com os problemas não vem sendo efetiva e tem causado sofrimento. Nesse momento, pode haver a abertura para uma busca saudável de solucionar essas questões, o que pode vir de diversas maneiras”, finaliza Debski.