Com a taxa básica de juros estacionada em 2% ao ano, após nove cortes consecutivos do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os investidores terão que desbravar o universo dos investimentos e diversificar o portfólio para conseguir retornos mais vantajosos no longo prazo.
A Selic serve como parâmetro para rentabilizar títulos do Tesouro Direto, CDBs, LCIs, LCAs e outros investimentos de renda fixa que podem ser pós-fixados – quando o ativo está vinculado a um indicador, como o IPCA, CDI ou a taxa básica de juros e a rentabilidade depende da variação desse indexador na hora do resgate –, e os pré-fixados – que permitem ao investidor conhecer o rendimento da aplicação no momento da compra.
Diante do cenário de queda da taxa Selic, os investimentos em renda fixa terão um retorno menor, mas ainda assim possuem papel estratégico na carteira dos investidores, de acordo com especialistas.
“Com os juros estacionados nas mínimas não é o fim da renda fixa, mas com certeza não serve mais como um investimento fundamental para rentabilizar a sua carteira de maneira adequada. Com os patamares baixos, a renda fixa tem como finalidade a proteção de seu capital e a liquidez emergencial”, afirma Gustavo Vaz, assessor de investimento e operador de renda variável da Atrio Investimentos.
Como investir com juros abaixo da inflação?
O tombo da Selic superou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que acumulou 2,44% nos últimos 12 meses. Assim, o investidor que deseja obter ganhos acima da inflação precisa alongar o prazo e ter um portfólio com diversos ativos.
“Os investidores precisam diversificar seus investimentos. A renda fixa ainda tem uma relevância ao prover segurança, liquidez e rentabilidade em uma carteira diversificada para diferentes tipos de investidores”, destaca Vinicius Fuzikawa, head de comunicação e marketing da Nova Futura Investimentos.

Antes de pensar em movimentar o dinheiro investido ou começar a investir, é fundamental ter em mente que cada pessoa possui um perfil de investidor – conservador, moderado e arrojado – que considera seus objetivos, prazo de investimento, apetite ao risco, recursos disponíveis, entre outros para nortear a escolha das aplicações.
De acordo com o Vaz, o investidor precisa alinhar as expectativas com a realidade dos ativos. “Para ganhar mais que a inflação, ele precisará adequar o tipo e o prazo desse investimento. Além disso, elaborar o planejamento financeiro antes de escolher um produto é importante porque ao alongar o vencimento da aplicação, o investidor abdica da liquidez e pode ser pego de surpresa em alguma situação emergencial. Por isso, ter capital de curto, médio e longo prazo facilitará não só a tomada de decisão, mas também trará segurança extra para o patrimônio da pessoa”, explica.
Se o investidor tem perfil conservador é interessante observar os ativos com alta liquidez e pré-fixados com prazo de 3 a 4 anos, segundo Fuzikawa. “Também vale ressaltar que sempre é aconselhável que o investidor faça uma reserva de emergência em ativos de renda fixa com liquidez diária, mesmo com a Selic atual”, diz.
Para construir a reserva, Fuzikawa considera que os CDBs com rendimento acima de 102% do CDI são opções vantajosas. “O investidor também pode estudar a possibilidade de aplicar em investimentos com carência de 180 dias, com taxa de 121% do CDI e liquidez diária após esse prazo”, recomenda.
É hora de migrar para a renda variável?
A busca por investimentos mais rentáveis acaba recaindo sobre a renda variável que, por sua vez, também oferece mais riscos. No entanto, esse campo é indicado apenas para investidores com perfil moderado e arrojado. Além disso, é imprescindível estudar a dinâmica do mercado financeiro, o funcionamento da Bolsa de Valores e acompanhar o noticiário para conseguir tomar decisões e não cometer erros no calor das emoções que o sobe e desce das ações provocam.
O investidor ainda pode contar com a ajuda de um assessor de investimentos qualificado para auxiliá-lo nessa jornada.
“O principal ponto é conhecer seu perfil de risco. Se o investidor não tem perfil para suportar muita volatilidade na bolsa, o ideal é começar com ações mais defensivas e que pagam bons dividendos. Isso minimiza os solavancos do mercado”, alerta Fuzikawa.