Presentes nos mais diversos campos de atuação, as cooperativas buscam colocar em prática um modelo econômico mais justo e igualitário: unindo crescimento ao desenvolvimento social. Com mais de 170 anos de existência, esse modelo vem cada dia ganhando mais espaço em todo o mundo.
O cooperativismo tem sua base na ideia de que todos ganham quando estão juntos. Por isso mesmo, a ajuda mútua, solidariedade, igualdade, equidade, responsabilidade social, democracia e transparências são valores que regem a atividade. Para guiar a atuação da cooperativa na prática, são definidos também sete princípios, que, segundo Lajyarea Duarte, coordenadora de Desenvolvimento e Gestão de Cooperativas do Sescoop/SP, podem nos inspirar a superar as dificuldades do país, especialmente neste momento de crise e incertezas.
Confira a descrição de cada um desses princípios segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e entenda como eles podem beneficiar a sociedade.
1º Adesão voluntária e livre: as cooperativas são abertas para todas as pessoas que queiram participar estejam alinhadas ao seu objetivo econômico, e dispostas a assumir suas responsabilidades como membro. Não existe qualquer discriminação por sexo, raça, classe, crença ou ideologia.
2º Gestão democrática: as cooperativas são organizações democráticas controladas por todos os seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. E os representantes oficiais são eleitos por todo o grupo.
3º Participação econômica dos membros: em uma cooperativa, os membros contribuem equitativamente para o capital da organização. Parte do montante é, normalmente, propriedade comum da cooperativa e os membros recebem remuneração limitada ao capital integralizado, quando há. Os excedentes da cooperativa podem ser destinados às seguintes finalidades: benefícios aos membros, apoio a outras atividades aprovadas pelos cooperados ou para o desenvolvimento da própria cooperativa. Tudo sempre decidido democraticamente.
4º Autonomia e independência: as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas por seus membros, e nada deve mudar isso. Se uma cooperativa firmar acordos com outras organizações, públicas ou privadas, deve fazer em condições de assegurar o controle democrático pelos membros e a sua autonomia.
5º Educação, formação e informação: ser cooperativista é se comprometer com o futuro dos cooperados, do movimento e das comunidades. As cooperativas promovem a educação e a formação para que seus membros e trabalhadores possam contribuir para o desenvolvimento dos negócios e, consequentemente, dos lugares onde estão presentes. Além disso, oferece informações para o público em geral, especialmente jovens, sobre a natureza e vantagens do cooperativismo.
6º Intercooperação: cooperativismo é trabalhar em conjunto. É assim, atuando juntas, que as cooperativas dão mais força ao movimento e servem de forma mais eficaz aos cooperados. Sejam unidas em estruturas locais, regionais, nacionais ou até mesmo internacionais, o objetivo é sempre se juntar em torno de um bem comum.
7º Interesse pela comunidade: contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades é algo natural ao cooperativismo. As cooperativas fazem isso por meio de políticas aprovadas pelos membros.
Embasado nesses princípios, o modelo corporativista busca impactar positivamente as comunidades em diversas áreas. “Os sete princípios passam a mensagem de que a cooperativa se preocupa em ser economicamente viável e socialmente justa, trabalhando para melhorar a vida dos seus membros e da comunidade na qual está inserida”, explica Giuliana Fardini, analista de desenvolvimento da gestão de cooperativas do Sistema OCB.
Todos os cooperados são também “sócios” da cooperativa – e tem o papel de definir regras e tomar decisões. Internamente, portanto, o modelo incentiva a transparência na gestão e a confiança entre os membros. Com participação ativa dos cooperados, inclusive com distribuição de resultados, geração de trabalho e movimentação de comunidades locais, sua organização visa a formação de um modelo econômico mais equilibrado, com menos concentração de renda.
A capacidade de agir regional, nacional e internacionalmente também aumenta a capilaridade de sua ação. “Temos cidades no interior do País em que as cooperativas são as grandes empregadoras. Além de gerar trabalho e renda, elas podem ser excelentes ferramentas para obtenção de produtos e serviços coletivamente”, explica Lajyarea. Estima-se, hoje, que o cooperativismo gere mais de 250 milhões de empregos, em mais de 100 países.
No cerne do modelo está também a preocupação com a educação e formação social. Giuliana explica que esse princípio vem com o objetivo de proporcionar a inclusão e o desenvolvimento social de seus membros e da comunidade ao redor. “O cooperativismo constitui-se, então, em um modelo de desenvolvimento econômico-social estratégico: com potencial de transformar a sociedade pelo resgate de valores de união e solidariedade, pela inclusão social por meio do trabalho e distribuição mais justa da riqueza produzida pela nação”, conclui.