Atender pacientes com dignidade deveria ser um princípio básico de qualquer profissional ou sistema de saúde. O sentimento de insatisfação com as más condições de atendimento oferecidas pelo sistema público de saúde levaram à fundação da primeira Unimed, em 1967.
Na época ainda não existia o Sistema Único de Saúde (SUS) mas, sim, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que não comportava o grande número de cidadãos que precisavam de atendimento. Então, o instituto criou um modelo de medicina de grupo, no qual a empresa retia um percentual do salário de cada empregado, acrescentava um valor a este percentual e terceirizava o serviço de saúde para empresas especializadas.
“Vivia-se o seguinte cenário: a intermediação da medicina em grupo batia à porta, os médicos estavam estafados dos problemas no sistema de saúde e insatisfeitos profissionalmente, a autonomia da medicina via-se ameaçada. Foi quando médicos que trabalhavam na saúde pública decidiram ingressar no Sindicato dos Médicos de Santos (SP) e passaram a discutir alternativas”, diz o diretor acadêmico da Faculdade Unimed, Ary Célio de Oliveira.
Foi quando, em busca do respeito à atividade liberal na medicina, Edmundo Castilho e mais 22 médicos fundaram a União dos Médicos – Unimed, na cidade de Santos (SP), com base nos princípios do cooperativismo.
De União dos Médicos a Central Nacional Unimed
Este foi o ponto de partida para chegar a números impressionantes. “A Unimed do Brasil é considerada a maior cooperativa de saúde do mundo. Está presente em 4.686 municípios brasileiros, com 84% de presença no território nacional. Os mais de 18 milhões de clientes da Unimed contam com 113 hospitais próprios e 2.719 hospitais credenciados, além de pronto-atendimentos, laboratórios e ambulâncias, que garantem a qualidade da assistência médica, hospitalar e de diagnóstico complementar prestada”, lista o presidente da Unimed do Brasil, Orestes Pullin.
O crescimento foi rápido, porém, acompanhado da padronização de procedimentos, investimentos conjuntos, implantação e regulação do intercâmbio entre as unidades, garantindo o atendimento em nível nacional.
Em 1998 – 21 anos depois do surgimento da primeira Unimed – representantes de diversas Singulares constituíram a União Nacional Cooperativa, posteriormente chamada Central Nacional Unimed (CNU). A ela coube a incumbência de comercialização de planos de saúde empresariais em âmbito nacional.
De acordo com Pullin, estão entre os valores da Unimed a ação, diversidade, sabedoria, liberdade, simplicidade, relacionamento e responsabilidade. “Eles são expressados pelo desenvolvimento de produtos que dão acesso a uma parcela cada vez maior da população aos planos de saúde; pela promoção de ações sociais que melhoram as condições de vida das comunidades onde as cooperativas médicas estão inseridas; pelas iniciativas de promoção e prevenção em saúde e valorização do trabalho médico; e também pela adequação do modelo de negócio e defesa do funcionamento da saúde supletiva.”
Pioneirismo no mundo
Até então, o cooperativismo de trabalho médico não existia. “Foi uma atitude corajosa dos médicos fundadores, pois o País vivia uma ditadura militar e o modelo cooperativista coexistia com o sistema de saúde pública, o INPS, e com as empresas de medicina de grupo”, defende Oliveira.
Neste novo sistema, os próprios médicos gerenciam os serviços prestados, sem intermediários. Trata-se de uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente em torno de necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.
“Hoje não consigo enxergar o setor de saúde em nosso País sem as cooperativas. Elas passaram a ter um papel significativo na atividade médica em boa parte do nosso País e deram estrutura para que fossem construídas unidades de saúde no interior, fixando também médicos nessas regiões”, finaliza Pullin.