A volatilidade do mercado financeiro internacional nas últimas semanas reflete, em grande medida, incertezas sobre o crescimento mundial para os próximos anos. A elevada relação comercial e financeira entre os países permite que o desaquecimento em uma região deteriore as perspectivas econômicas de outras regiões.
Nos EUA, o banco central tem elevado gradualmente a taxa de juros desde dezembro de 2015. O aumento do custo do crédito já está prejudicando alguns setores da economia, especialmente o setor imobiliário.
Do outro lado do Pacífico, a guerra comercial está reduzindo as encomendas recebidas pelas empresas chinesas. Essa queda dos pedidos de exportações desacelerará a produção industrial do país ao longo do próximo ano.
Empresários americanos e asiáticos mais cautelosos estão postergando suas decisões de investimentos. Assim, as encomendas de máquinas e equipamentos recebidas pelas empresas alemãs também deterioraram recentemente. Além disso, a crise fiscal na Itália pesa negativamente sobre a região.
Diante da perspectiva de menor crescimento mundial, o preço de várias commodities caiu nos últimos meses. Enfim, como afirma o jornalista Thomas Friedman, o mundo é plano.
Como esse ambiente externo desafiador poderá impactar o Brasil?
As commodities possuem peso relevante nas nossas exportações. Uma forte queda do preço do minério de ferro, soja, carne, entre outros, tende a desvalorizar a nossa moeda.
Isso não significa que estamos fadados a ter mais um período de crescimento irrisório em 2019. A aprovação da reforma da Previdência ao longo do próximo ano poderá reduzir a incerteza fiscal, melhorar as condições de crédito e aumentar a confiança dos empresários e consumidores, permitindo dois impulsos diretos para a nossa economia:
- As empresas já ajustaram seus custos nos últimos anos, melhoraram a lucratividade e possuem elevado nível de caixa. Uma melhora relevante na confiança permitirá uma aceleração gradual dos investimentos.
- O medo do desemprego levou as famílias a expandir o consumo em menor ritmo do que a massa salarial em 2017 e 2018. Assim, uma melhora da confiança permitirá uma recuperação do consumo mais alinhado com os ganhos salariais.
Assim, se fizermos a nossa lição de casa, o PIB real poderá acelerar para cerca de 3% em 2019, a despeito dos riscos do cenário externo.
Portanto, o nosso futuro depende do que fizermos dele. Podemos construir uma trajetória positiva ou deixar a desaceleração mundial nos levar junto. Feliz 2019.